Sessão Especial da Câmara Municipal de Campina Grande debate o Setembro Amarelo

Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM, organiza nacionalmente o Setembro Amarelo. O dia 10 deste mês é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha acontece durante todo o ano.

A Câmara Municipal de Campina Grande realizou nesta quarta-feira (15), uma Sessão Especial para debater o Setembro Amarelo que tem como tema ‘Ação pela Vida’, a propositura de autoria da presidente da Comissão de Saúde da Câmara, vereadora Carol Gomes (PROS).

A vereadora Valéria Aragão (PTB) fez a abertura da sessão especial. Participaram da mesa, a psicóloga e primeira dama, Juliana Figueiredo Cunha Lima; Jeime Leal, representante do secretário de Saúde, Felipe Reul; a psicóloga Lívia Sales, coordenadora de Saúde Mental; Alisson Tiago Rocha, do Conselho Regional de Psicologia; Edna Dias – CVV – Centro de Valorização da Vida.

A vereadora Carol Gomes ao justificar a sua propositura saudou a todos presentes, agradecendo em especial aos convidados na mesa, além dos demais convidados, registrando que esse mês é de atenção ao suicídio, mas em especial a valorização da vida.

Registrou que quando se fala em saúde mental, se fala em saúde pública, e que essa CASA tem uma grande responsabilidade nesse quesito uma vez que são criadas propostas relacionadas a esse tema. Ressaltou o agravante na pandemia na saúde mental que vem assolando pessoas e destruindo famílias, e que acima de tudo traz uma ressignificação da saúde, em especial da saúde mental. “Este tema deve ser cuidado de setembro a setembro, pois quando se cuida de saúde mental, se cuida verdadeiramente de pessoas e que nesse instante as pessoas precisam ser cuidadas’’ – frisou.

Também explanou alguns dados, os quais demonstram que a cada 45 minutos no Brasil ocorre um suicídio e é a 4ª maior causa de morte de pessoas entre 15 e 29 anos. “Tratar desse tema é o nosso papel enquanto parlamentar’’ – disse. Registrou também que essa campanha se inicia através do CVV Nacional, que atende diariamente essas pessoas.

Jeime Leal – Diretora da Atenção à Saúde representando o Secretário de Saúde do município Felipe Reul – falou da importância de estar na presente sessão, sendo essa uma data que traz no contexto a valorização e importância da vida.

Informou que no início do ano, na gestão atual, já houve um avanço na rede da saúde mental, inaugurando o Ambulatório da Saúde Mental, que hoje funciona no Centro de Saúde do Catolé, e que esse local já foi ampliado. Também destacou que a Primeira-Dama Juliana, tem um olhar voltado para saúde mental, e que a gestão está atenta a cuidar mais da saúde mental de toda a população. “Tenho certeza que muitos projetos já estão sendo elaborados para em breve serem executados’’ – afirmou.

Juliana Figueiredo Cunha Lima – Psicóloga e Primeira-Dama do município – Registrou que é um prazer estar como voluntária ajudando a fortalecer essa campanha e toda a rede de saúde mental do município, e que o setembro amarelo vem como o mês de valorização da vida e conscientização de toda a população. Citou como exemplo do fortalecimento da rede de saúde mental do município, a ampliação do ambulatório de saúde mental do centro do catolé, a nova sede do CAPSINHO, a futura implantação do CAPS no Aluísio Campos e a realização do Concurso Público com cargos destinados para psiquiatras e psicólogos.

Foto: Josenildo Costa/CMCG

Lívia Sales – Psicóloga e Coordenadora de Saúde Mental do Município – Falou sobre o agravamento da saúde mental durante a pandemia, e citou o tema como uma epidemia silenciosa, ressaltando o quanto é preciso quebrar paradigma de que falar sobre o suicídio vai aumentá-lo. Segundo a Organização Mundial da Saúde, 32 pessoas cometem esse ato por dia no Brasil, o que significa que esse ato mata mais brasileiros do que doenças como o câncer. Acrescentou ainda que essa causa não deve estar presente apenas no âmbito da saúde, mas sim que seja uma causa da sociedade como um todo. “O assunto ainda é tratado como tabu, o que dificulta a identificação de sintomas e sinais e consequentemente a busca por auxílio” – destacou.

Registrou que desde o início da campanha em âmbito nacional em 2014, iniciada pela Sociedade Brasileira de Pediatria e pelo CVV, o assunto vem sendo tratado de maneira ética e adequada.  E, trazendo dados informou que o relatório de 2020 identificou o aumento de 30% de adoecimentos como transtornos ansiosos e depressivos e 17% do aumento de uso de álcool e outras drogas, incluindo o uso de medicação psicotrópica.  Além disso, destacou que é possível prevenir 09 em cada 10 situações, através do auxílio a pessoas que estão passando por essa situação, abrindo espaço para as pessoas falarem sobre seu sofrimento.

Lívia Sales recebeu uma moção de aplausos, por meio de um requerimento de autoria da vereadora Carol Gomes, em homenagem ao trabalho que ela vem realizando no município de Campina Grande.

Alisson Thiago Rocha – Psicólogo e representante do Conselho Regional de Psicologia – Demonstrou satisfação em participar desse momento, destacando que a atuação do conselho regional de psicologia, é para disciplinar e orientar na atuação das psicólogas e psicólogos, para entrega de um bom serviço profissional a população, que não é um órgão que tem função punitiva, mas dialógica, plural e para orientação honesta.

Informou que o CRP sempre esteve envolvido nos temas que dizem respeito à saúde mental da sociedade, inclusive com disponibilização de materiais sobre o tema do setembro amarelo (e outros) no site, para todos os profissionais e para toda a população. Destacou a importância desse tema, que ainda é um tabu, mas que é preciso desmistificar esses tabus e que essa é a força do setembro amarelo, servindo para aprofundar o debate e criar maiores estratégias para promover e valorizar a vida durante todo o ano.

O Vereador Olímpio Oliveira (PSL) – Iniciou a sua fala citando que ‘’o suicida não quer morrer, quer se livrar de um peso que não suporta mais’’, e que é preciso tornar as vidas menos penosas, a começar pela própria casa. Além disso, acrescentou que enquanto parlamentares é preciso fazer o que se compete, para tornar a vida daqueles que são governados menos penosos.

Registrou que reconhece Campina Grande como referência em saúde mental, mas destacou os suicidas lentos, que se vê em cada mini cracolândia da cidade, como por exemplo, a praça Clementino Procópio, e que essas pessoas precisam ser alcançadas, por meio de uma busca ativa.

Por fim, citou também a verba que era destinada para o Centro de Valorização da Vida, e aproveitou o momento para passar a primeira dama, uma cópia do requerimento solicitando o resgate dessa subvenção.

Adriana Costa – Coordenadora do CAPSINHO – Ressaltou a importância do olhar da saúde mental da criança, desde a primeira infância e que esse olhar deve ser no ano todo. Explicou a realidade dos atendimentos, os quais quando a família chega com a criança normalmente a família está desestruturada, as mães estão fragilizadas, sem companheiro, sem trabalho, e que precisam também de acolhimento.

Informou que o atendimento é realizado com crianças e adolescentes que apresentam sintomas esquizofrênicos, depressivos, autistas, e que são realizados diversos dispositivos para tratar esse público: mães orientadas, grupos terapêuticos com os adolescentes com o olhar qualificado do profissional, oficinas terapêuticas com profissionais e grupo de geração de renda com mães de autistas que não possuem renda e que estão muito vulneráveis socialmente principalmente depois da pandemia. Além disso, diante desses contextos, o CAPS também é responsável por encaminhar essas famílias para outros órgãos públicos de assistência social.

Finalizou reforçando a necessidade do acompanhamento e do cuidado desde a infância: “Quem cuida da infância, e da mãe, terá um adolescente e um adulto com menos agravamento mental’’.

O vereador Pastor Luciano Breno (PP) – Ressaltou que algumas pessoas precisam de auxílio e de ajuda, e parabenizou a todos que estão fazendo esse trabalho importante. Também destacou que Campina Grande confiou ao prefeito Bruno Cunha Lima uma importante tarefa, e que essa gestão faz questão de ser humanizada.

Convidou a primeira-dama para nesta sexta-feira (17) estar com ele no Projeto ‘’Atos’’, realizada em parceria com a universidade Rebouças, onde serão disponibilizadas 10 mil bolsas de estudo para a população de Campina Grande, e que um dos cursos será preparatório para cuidadores e pais que têm filhos portadores de autismo, visando beneficiar as pessoas de baixa renda que não tem conhecimento o suficiente para identificar o autismo ou não possui habilidade para cuidar dessas crianças.

Luana Meirelles – CAPS AD – citou Alberto Camões, um filósofo que trata do tema do suicídio, e que para além dessas questões filosóficas e existenciais, informou que o suicídio é resultado de diversas questões singulares, as quais entre essas causas estão os transtornos mentais, emocionais, uso de álcool e outras drogas, julgamentos sociais como o bullying, violência sexual e doméstica, preconceitos, vínculos emocionais fragilizados e outras causas sociais, como a insegurança alimentar, o desemprego, a falta de moradia, o acesso restrito a educação, ao lazer e a cultura.

Também destacou as subnotificações em relação às mortes causadas pelo suicídio e ressaltou a importância de diálogo sobre o tema, além de garantir os direitos básicos à população para que essa possa existir.

Edna Dias – Coordenadora Geral do CVV – Centro de Valorização da Vida – Explanou que o CVV está no Brasil há 59 anos e que nesse período tem em torno de 4.200 voluntários. O Ministério da Saúde cede o número 188, para que esse serviço seja prestado de forma gratuita à comunidade.  Informou que está em Campina Grande há 18 anos, e que já chegou a 3 milhões de chamadas aos serviços do CVV, em âmbito nacional, e agora nesse momento de pandemia triplicou este atendimento, fazendo com que 4.200 voluntários sejam poucos para que o serviço seja realmente colocado em prática.

Também destacou que o CVV organizou atendimento remoto durante esse período de pandemia, e que os voluntários são treinados com escuta qualificada e que para ser um voluntário precisa apenas ter 18 anos e passar pelo treinamento, com escuta de aceitação, respeito e de se colocar o outro em primeiro lugar.

O vereador Rubens Nascimento (DEM) – “Por muito pouco uma tragédia não foi realizada na cidade de Campina Grande, com uma filha da CASA de Félix de Araújo, fruto de uma depressão bem recorrente e pode perceber como houveram muitas posturas julgadoras, e que torce por seu pronto restabelecimento”.

Além disso, citou as diversas causas, que são por razões financeiras, sociais, espirituais, e ressalta a importância da família como um elo. Por fim, encerrou com uma oração pedindo a Deus que o seu Amor encontre corações disponíveis, especialmente a esses profissionais que realizam esse trabalho.

Divanira Freitas – Presidente do NAV – Núcleo de Apoio à Vida – Agradeceu a todos que apoiam o núcleo, citando e agradecendo o apoio do vereador Olímpio Oliveira. Também informou a felicidade em relação à procura da primeira-dama pelo núcleo. Trouxe a Tribuna, o sonho de se ter uma sede própria para a realização desse trabalho, como também a necessidade de ter um documento como reconhecimento de instituição filantrópica na cidade de Campina Grande, sendo essas as solicitações que levou a primeira dama que destacou agora na tribuna.

Solicitou aos vereadores uma força para que essa subvenção retorne e para que esse documento chegue o mais rápido possível ao núcleo de apoio à vida.

Foto: Josenildo Costa/CMCG

Lizzie Brunet – Secretária e Coordenadora do CAPS AD III – fez um relato muito pessoal sobre depressão e tentativa de suicídio, e que desde os seis anos apresentou depressão, a qual nessa fase da vida, possuía um irmão doente, e a sua maior referência seu pai faleceu, e apenas a mãe ficou cuidando dos dois, e de certo modo, sua mãe não tinha possibilidade de dedicar tempo para ela.  Na escola, também sofreu bullying, pois possuía depressão, TDAH e dislexia, e por esse motivo, não era compreendida por nenhum dos professores, nem pela escola.

Com 14 anos rompeu o ligamento do joelho, era bailarina e isso impediu dela continuar a praticar a atividade que gostava, sendo esse um período que a afundou na depressão. Tudo foi se agravando, surgindo problemas na tireoide, aumento de peso, até que iniciaram as tentativas, totalizando três   ‘’eu achava que morrer era a única saída para mim’’ – frisou.

Fez tratamentos, mas a depressão é uma doença sem cura, sendo uma luta constante diária. Há dois anos foi trabalhar na saúde mental, a convite de Elizabeth Ludgério, e nesse lugar foi o momento que mudou a sua vida e quanto ela poderia ser importante, especial e ajudar o próximo. “Tudo o que acontece de ruim na vida, é para melhorar” – frisou.

Agradeceu muito a oportunidade e fez um pedido para que os pais tenham um olhar para os filhos, para falarem o quanto eles são especiais, o quanto eles são capazes, para eles abraçarem os filhos, pois eles precisam de apoio e da família. “Deixe o celular de lado e cuide dos seus filhos’’ – reforçou. Por fim, disse “eu sei que felicidade é uma coisa difícil, mas às vezes você tem outras missões. As pessoas precisam lutar e com muita ajuda ela pode ser superada’’.

A vereadora Carol Gomes (PROS) encerrou a sessão especial do Setembro Amarelo, agradecendo a participação de todos.

Para assistir ou escutar toda a sessão completa, acesse o www.camaracg.pb.gov.br (Rádio ou Tv CâmaraCG WEB) ou acesse pelo youtube camaracg oficial.

DIVICOM/CMCG