Saúde Mental: Sessão especial de autoria de Carol Gomes debateu Luta Antimanicomial

O mês de maio é marcado pela Luta Antimanicomial, sendo 18 de maio instituído como o dia desta causa no Brasil em homenagem à luta dos profissionais de saúde, usuários e familiares por um tratamento mais humanizado no sistema de saúde mental.
Pensando nisso, após iniciativa da vereadora Carol Gomes (Pros), a Câmara Municipal de Campina Grande realizou na manhã de hoje (18), uma sessão especial para discutir a temática.

Participaram do momento o secretário de saúde, Filipe Reul, a coordenadora municipal de saúde mental, Lívia Sales, a médica psiquiatra, Dra. Tatiana Almeida, a psicóloga, Dra. Carmita Eulálio, o economista e ex-secretário de saúde, Geraldo Medeiros Júnior, e os moradores de residências terapêuticas, Marísio Bernardino e Hivanizete Pinto.
Na fala de abertura, a vereadora Carol expressou seu contentamento em proporcionar uma discussão importante e que defende durante toda a sua trajetória enquanto profissional de saúde.

“A minha caminhada na saúde mental vem de longo tempo. Ao fazer parte da equipe fundadora do Centro Campinense de Intervenção Precoce, enquanto fisioterapeuta, pude aprender a cuidar de pessoas e compreender os silêncios e os barulhos de cada sujeito”, falou a vereadora.
O secretário Filipe Reul destacou que Campina Grande tem a maior rede de saúde mental do estado e que segue trabalhando para que o município tenha um serviço ainda mais humanizado nesta área. Na oportunidade, o gestor ainda informou que já estão em andamento os trâmites para implantação de um CAPS no Complexo Habitacional Aluízio Campos.

O que dizem os especialistas

Lívia Sales, coordenadora de saúde mental, trouxe dados importantes, ao informar que a OMS – Organização Mundial da Saúde estima que uma em cada duas pessoas passará por um período muito adverso, algo que precisará de ajuda em alguma época da vida, pois trata-se de um adoecimento que não escolhe classe social, cor, gênero e/ou faixa etária, e ainda destacou a importância da Lei da Reforma Psiquiátrica (10.216/01), que criou esses serviços e conseguiu estabelecer esse novo modelo de tratamento.

Conhecido como o secretário ‘mentaleiro’ – referência ao seu empenho em prol da saúde mental de Campina Grande, o professor Geraldo Medeiros Jr, que participou da sessão de forma remota, detentor de um currículo de experiências exitosas, como ex-secretário de saúde, e ex-presidente do Conselho Municipal de Saúde, reforçou a relevância de ofertar aos cidadãos possibilidades para se ter uma vida mais longa e com mais qualidade.
“No capitalismo nem tudo pode ser considerado mercadoria. Fui chamado de secretário mentaleiro, e isso significa ter a capacidade de chorar com o sofrimento dos meus semelhantes, e de se indignar com as injustiças existentes”, destacou.

Para a Dra. Carmita Eulálio, professora de psicologia, a agilidade na implantação de modelos psiquiátricos substitutivos em Campina Grande é um grande marco para a saúde mental. A especialista também enfatizou a importância do investimento acadêmico acerca do tema.

A médica psiquiatra Dra. Tatiana Almeida, suscitou uma reflexão significativa ao falar sobre os riscos danosos que diagnósticos errôneos podem trazer para os pacientes, e por isso a necessidade de reconhecer a importância do trabalho psiquiátrico que imerge na realidade dos indivíduos com sofrimentos psíquicos.

A voz de quem foi silenciado

Marísio Bernardino, 55 anos, e Hivanizete Pinto, 47 anos, com certeza eram os donos das vozes mais aguardadas na sessão especial de hoje. Atualmente, moradores de residências terapêuticas, por anos viveram em regime de reclusão no sistema manicomial, lembranças e marcas que permanecem até o presente dia.

“Eu vim a pé do Sertão. Eu andava nu, eu não sabia o que era roupa. Tomava água quente de cacimba. Eu era acordado para levar choque… Hoje, na casa – referindo-se à residência terapêutica – tem um guarda-roupa cheio de roupas, e comida boa”, expôs Hivanizete.

Os relatos dolorosos também foram compartilhados por Marísio. “A gente não tinha colchão, dormíamos em cima das tábuas. Sofri muito lá…”, revelou.

Apesar de todos os avanços através da luta antimanicomial, ainda há muito o que se fazer quando o assunto é a saúde mental. Infelizmente, o tabu em relação aos cuidados psiquiátricos ainda existe e pode haver resistência e estranhamento em relação aos tratamentos necessários. Por isso, é muito importante a prática da boa informação, elucidando conceitos e ajudando a quebrar os estigmas relacionados à saúde mental.

***Conteúdo de responsabilidade da Assessoria