“Negligência no atendimento do ISEA” é tema de Audiência Pública na Câmara Municipal

O presidente da CMCG, Marinaldo Cardoso (Republicanos) na manhã desta quarta-feira (15) fez a abertura da Audiência Pública abordando o tema “Negligência no ISEA – Instituto de Saúde Elpídio de Almeida”, uma propositura do vereador Anderson Almeida (PODE).

A audiência teve como objetivo debater sobre as denúncias referentes à “negligência no atendimento do Instituto de Saúde de Elpídio de Almeida – ISEA”.

Estiveram presentes na audiência o presidente Marinaldo Cardoso e os vereadores Saulo Noronha, Rubens Nascimento, Waldeny Santana, Carol Gomes, Dona Fátima, Jô Oliveira, Marcio Melo, Rostand PB e Alexandre Pereira.

Na mesa estavam presentes: Dr. Gilney Porto (Secretário de Saúde), Suelen Clementino (Diretora Geral do ISEA), Dra. Maria de Lourdes, médica pediatra do ISEA.

JUSTIFICATIVA

Anderson Almeida (PODE) presidiu a sessão e iniciou a sua fala, justificando sua propositura. Ele fez alguns relatos de denúncias recebidas de mulheres e meninas em relação ao atendimento hospitalar recebido no ISEA. Mencionou a denúncia de Sabrina, que fez um exame na maternidade e foi diagnosticado que a mesma não estava grávida. No entanto, Sabrina estava sofrendo um aborto espontâneo, diagnosticado em uma clínica particular e que ao retornar para o ISEA para fazer uma curetagem, recebeu um atendimento, segundo ela, inadequado.

Foto: Josenildo Costa/CMCG

Ele também citou o caso de uma menina de 14 anos, que segundo a família foi punida durante o seu trabalho de parto, com uma frase mencionada pelo profissional de saúde “é dessas que gostamos de ver sofrer”. Ainda mencionou uma terceira denúncia, a qual uma jovem relatou ter permanecido três dias em uma cadeira por falta de leito, sendo atendida só após desmaiar. Por último, ele citou que uma das denúncias, a mulher relatou perder o bebê, mas ficou internada em um quarto com outra mulher com o seu bebê, após o parto.

O vereador ressaltou que a audiência foi promovida com o intuito de construir encaminhamentos necessários para garantir a saúde de todas as mães, pais e crianças e para que esses tenham a maternidade ISEA como referência.

RELATOS

Foto: Josenildo Costa/CMCG

Sabrina Borges de Almeida, citada na fala do vereador, subiu à Tribuna para fazer o relato do ocorrido no ISEA. Ela relatou de maneira emocionada o acontecimento com detalhes sobre o ocorrido no Hospital, falando sobre a falta de humanização nos atendimentos, falta de higiene, falta de privacidade e de alimentação.

Elza de Oliveira foi a segunda mulher que fez o seu relato, e disse que por dois momentos recebeu um atendimento inadequado na maternidade. Com o bebê falecido na barriga, ela disse que os profissionais disseram que “não havia pressa no atendimento”.

Maria Isolda, também fez o seu relato, disse que não pode ter direito a acompanhante devido à pandemia de coronavírus e que durante o seu trabalho de parto, ficou sozinha. A bebê que nasceu de sete meses, no outro dia teve que ser operada sem os pais serem informados. A mãe relatou que acredita ter acontecido algo de errado no momento em que o cordão umbilical foi cortado. Com três dias, ela recebeu a notícia que a filha havia falecido e disse que não compreendeu o ocorrido, pois os profissionais sempre disseram que a filha estava em ótimo estado.

A Dra. Débora Henrique, assessora da vereadora Jô Oliveira, também fez o seu relato. Ela se destinou a maternidade ISEA, ao identificar com 32 semanas que estava em trabalho de parto. Na maternidade ela descobriu que estava tendo um aborto espontâneo e relatou os maus tratos ocorridos durante todo o ocorrido, lá ficou sozinha, sem direito a acompanhante, a atendimento psicológico ou qualquer atendimento. Ela disse que o bebê ainda nasceu vivo, mas que ele não recebeu nenhuma assistência e ela permaneceu completamente sozinha. O filho foi levado sem direito a ser enterrado ou qualquer despedida.

SECRETÁRIO DE SAÚDE, E DEMAIS AUTORIDADES

O Dr. Gilney Porto, Secretário de Saúde, disse que não compactua com esses atos enquanto gestão. Expôs algumas fotos a respeito de mudanças que estão sendo feitas na maternidade durante a gestão do prefeito Bruno, com reforma das mobílias, reformas estruturais de máquinas, uma ala chamada “unidos” totalmente reformada, leitos monitorizados, UTI semi-intensiva com 10 leitos neonatal totalmente equipada, reforma de banco de leite, reforma do necrotério, reforma da fachada da maternidade, reforma das alas.

Foto: Josenildo Costa/CMCG

Enquanto humanização dos atendimentos, disse estar promovendo cursos para os profissionais da unidade. Também informou sobre um processo de licitação para construção de um novo bloco cirúrgico para ampliar os leitos de obstetrícia da unidade. Além disso, disse que a maternidade é referência para todo o Estado e isso muitas vezes sobrecarrega a instituição. O secretário disse solicitar ao Estado para que em Campina Grande seja implementada uma nova maternidade.

O Dr. Júlio, diretor da unidade ISEA, explicou que são realizados diversos atendimentos, com mais de 600 partos/mês. Informou que tem a ouvidoria, que está ativa, com toda a escuta das reclamações. Em decorrência da ouvidoria, também já realizou diversas substituições de profissionais que não atendem os profissionais da forma adequada e alinhada com a gestão. Além disso, ele informou sobre as reformas que já ocorreram no local e disse que todas as medidas estão sendo realizadas para que ocorram as melhorias na instituição.

A Dra. Maria de Lourdes, médica pediatra do ISEA, disse que devido à grande demanda no estado da Paraíba, torna o sistema sobrecarregado. A pediatra falou sobre o amor à instituição, disse que o esforço é grande e que infelizmente sofrem com a falta de materiais. Ressaltou que a problemática só será resolvida com uma nova maternidade e que o Estado precisa implementar no município.

Suelen Clementino, diretora geral do ISEA, disse que ao iniciar a sua gestão o primeiro passo a ser dado foi a melhoria do atendimento humanizado. Informou também que a ala ‘unidos’ que atendia gestantes acometidas com covid-19 está sendo utilizada para atender as gestantes que sofrem aborto. Além disso, informou que dentro do ISEA funciona uma ouvidoria e que ela faz questão de fazer a escuta de todas as reclamações.

“Nós não compactuamos com o atendimento não humanizado, mas também não concordamos que todas as gestantes são mal atendidas na instituição” – ressaltou. Ela ainda destacou que a luta pela ampliação dos leitos de obstetrícia é realmente algo que tem que ser levado a sério no município, pois a maternidade não comporta mais a quantidade de atendimentos.

Socorro Carvalho (Conselho de Assistência Social e Coordenação do Fórum dos Direitos das Crianças e do Adolescente) mencionou que as denúncias de maus tratos são legítimas, com exposição também na imprensa, e que inclusive tem irregularidades apontadas pelo Ministério Público e por promotores. “Essa história se repete. Há a necessidade de melhoria naquele estabelecimento” – frisou.

Alisson Filgueira, advogado e especialista na área da criança e do adolescente, disse que a Dra. Franci (médica do ISEA) atendeu a sua esposa, de maneira perfeita na instituição. Falou também sobre os atendimentos e disse que nada justifica os relatos que foram ditos na manhã de hoje. Alisson também informou que o município tem obrigação de discutir a repactuação.

FALA DOS PARLAMENTARES

O vereador Rubens Nascimento (DEM), parabenizou a condução do vereador Anderson Almeida. Enquanto pai de família e militante de crianças e adolescentes e desejou solidariedade a todas as mães presentes. Também mencionou o trabalho realizado pela gestão municipal que tem promovido avanços, reformas e melhorias ao equipamento público. Como encaminhamento, o vereador disse que para além das estruturas de tecnologia, também é importante trabalhar com o ‘equipamento’ humano. Disse ser necessário trabalhar com o bom atendimento para atender adequadamente todas as pessoas e não ‘maquinizar’ o processo.

O vereador Alexandre Pereira (PSD), ressaltou que o ISEA realiza diversos atendimentos, que possui suas dificuldades e limitações e que é necessário aprender com os erros. Ele também mencionou que a instituição também recebeu reconhecimento da UNICEF, mas frisou que é necessário receber apoio de todos os entes, como o Governo do Estado.

O vereador Waldeny disse que foi presencialmente no ISEA fazer uma visita, ressaltou que considera que é preciso ter um atendimento mais empático e solicitou ao secretário uma formação de atendimento humanizado com os profissionais da saúde, porque muitas vezes o atendimento foge do controle da gestão.

A vereadora Jô Oliveira (PCdoB) deixou sua solidariedade a todas as mulheres que fizeram relatos de violência, citou que é necessárias melhorias nas estruturas e nos insumos e mencionou também que é importante pensar em todo o caminho das gestantes até a chegada da maternidade. Também disse que a humanização é regra para qualquer instituição.

Foto: Josenildo Costa/CMCG

Carol Gomes (PROS) disse que são relatos que se repetem e que a grande problemática é a superlotação. Ressaltou que participou da inauguração da semi-intensiva e de outras melhorias apresentadas na gestão, e que há necessidade do diálogo sobre a pactuação.

Por fim, a vereadora Dona Fátima (PODE) prestou solidariedade a todas as mulheres, ressaltou que existe uma grande demanda, mas que também existem profissionais que não querem exercer um trabalho humanizado. Ainda acrescentou que existem reclamações pertinentes, mas que a maternidade exerce um trabalho importante no município. Registrou também que considera o SISREG a ‘’fila da morte’’.

O vereador Anderson Almeida encerrou a audiência pública agradecendo a todos os vereadores, funcionários, assessores e servidores. Ressaltou que como encaminhamento é obrigação melhorar as questões de maus tratos e do atendimento humanizado. Disse que concorda que é necessária uma nova maternidade, mas que é preciso cobrar da gestão municipal e do hospital, uma equipe multifuncional na unidade, com assistentes e psicólogos, para promover melhorias no atendimento da instituição.

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DIVICOM/CMCG