Dia Internacional de Combate às Drogas é tema de audiência pública na CMCG

Nesta quarta-feira (14) atendendo uma propositura de autoria de Fabiana Gomes (PSD) e Olimpio Oliveira (UNIÃO), foi realizada na Câmara Municipal de Campina Grande, Audiência Pública alusiva ao Dia Internacional de Combate às Drogas. Os trabalhos foram presididos por Marinaldo Cardoso (UNIÃO) e secretariados por Fabiana Gomes.

O Dia Internacional de Combate às Drogas é celebrado em 26 de junho. A data foi criada pelas Nações Unidas e tem por objetivo conscientizar a população a respeito dos problemas desencadeados pelas drogas aos indivíduos que a consomem e à sociedade. A data foi estabelecida na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, por meio da Resolução nº 42/112, de 7 de dezembro de 1987.

O uso de drogas é responsável por milhares de mortes todos os anos. Muitas dessas mortes estão relacionadas diretamente com o consumo dessas substâncias, uma vez que ele pode desencadear problemas como infartos, acidentes vasculares cerebrais e insuficiência renal.

Além disso, o consumo de drogas pode levar à perda de reflexos, o que aumenta o risco de acidentes, os quais, muitas vezes, são fatais. Além das mortes associadas ao consumo direto, o uso de drogas também se relaciona com as mortes provocadas pelo tráfico dessas substâncias.

O tráfico de drogas é um mercado que move vários bilhões de reais todos os anos apenas em nosso país. Esse mercado clandestino é, infelizmente, muito lucrativo, o que torna mais difícil combatê-lo. O tráfico de drogas está diretamente relacionado com a violência urbana, uma vez que o dinheiro do tráfico é utilizado para fomentar o crime organizado. Grupos brigam constantemente pelo monopólio do comércio de drogas em algumas áreas, e várias pessoas são mortas por contraírem dívidas relacionadas às drogas.

O uso de drogas, portanto, não é prejudicial apenas para o indivíduo que as consome, mas também para toda a sociedade. Ao consumir drogas ilícitas, por exemplo, um indivíduo está contribuindo diretamente para a ocorrência do tráfico e, portanto, está indiretamente contribuindo para a violência urbana associada a ele.

MESA:

Agnaldo Batista – Presidente do Conselho Municipal de Políticas Públicas sobre Drogas – COMAD; Pedro Vicente – Representando a Secretaria de Saúde e a Coordenação de Saúde Mental do Município; Padre Sérgio – Representando a Fazendo do Sol; Rafael Durant Couto – Representando a SEMAS (Secretaria de Assistência Social) e COMANA; Carlos Felipe – Delegado da Polícia Federal; Ariosvaldo Adelino de Melo – Delegado da Polícia Civil e da 2ª Superintendência da Polícia Civil; Rogério Carlos – Assessor Jurídico da Procuradoria Geral do Município.

JUSTIFICATIVA DA PROPOSITURA

Fabiana Gomes (PSD), registrou de início que junto aos vereadores tem a missão de zelar pelo bem-estar da população de Campina Grande e enfrentar desafios como o combate às drogas.

Ela ainda pontuou que é uma honra cumprimentar o presidente do COMAD e todos que fazem parte do Conselho, promovendo políticas públicas efetivas no enfrentamento ao consumo e tráfico de drogas, bem como assistência aos dependentes químicos e suas famílias.

Foto: Josenildo Costa

A vereadora informou que o Dia Internacional de Combate às Drogas, que acontece no dia 26 de junho, é uma oportunidade ímpar para refletir sobre as questões relacionadas às drogas na cidade e buscar soluções conjuntas que garantam uma sociedade mais livre do uso indevido dessas substâncias.

Fabiana destacou a importância de estarem atentos aos desafios contemporâneos e unir esforços para desenvolver estratégias eficazes na prevenção, conscientização e tratamento, além da busca por parcerias com instituições e a sociedade civil.

“A audiência pública de hoje é um passo importante nesta direção, pois permite que diversos atores sociais possam expressar suas opiniões, compartilhar experiências e contribuir com o fortalecimento de políticas públicas de combate às drogas na cidade”, frisou.

Foto: Josenildo Costa

Olimpio Oliveira (UNIÃO) registrou o momento oportuno que a Câmara de Vereadores abriu espaço para debater um tema tão relevante, com a participação de autoridades e pessoas envolvidas diretamente. Ele destacou a importância não apenas da repressão e combate efetivo às drogas, mas também do trabalho de prevenção e resgate daqueles que são dependentes químicos.

O vereador registrou que o que mais o constrange é o fato de ainda hoje existir alguém em uma cidade como Campina Grande que toma a decisão de buscar ajuda para sair das drogas, mas não há para onde encaminhá-lo. Apesar de haver trabalhos voluntários e filantrópicos de grande importância na estrutura de saúde mental da Prefeitura, o vereador disse que ainda há uma demanda reprimida de pessoas que desejam tratamento, mas não encontram onde recebê-lo.

Ele acrescentou que não acredita na teoria de que a luta contra as drogas está perdida ou que seja falida, pois ele considera que essa luta sequer começou de fato. Ao analisar a Lei de Drogas no Brasil (Lei 11.343/2006), ele observa que a efetividade da repressão é notável, mas os instrumentos para prevenção e tratamento são insuficientes. Ele ainda ressaltou que, embora a repressão seja importante e fundamental, é mais humano e econômico evitar que os jovens tenham o primeiro contato com as drogas e desenvolvam dependência química.

Em relação ao Maior São João do Mundo, o vereador também falou a respeito dos custos sociais da festa e que ele já propôs destinar uma porcentagem dos recursos envolvidos nos patrocínios da festa, para o Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas. Essa proposta foi aprovada na Câmara de Vereadores e transformada em lei, porém, o prefeito a levou ao judiciário e a derrubou.

Ele destacou que uma grande quantidade de drogas apreendidas pela polícia em Campina Grande ou na região seria destinada ao evento. Por fim, o vereador agradeceu a vereadora Fabiana Gomes, grande articuladora da propositura.

PARTICIPANTES

Agnaldo Batista, Presidente do Conselho Municipal de Políticas Públicas sobre Drogas, compartilhou sua história durante seu discurso. Ele mencionou que, na década de 90, trabalhou em parceria com o vereador Olímpio Oliveira na Câmara Municipal, onde realizaram a primeira audiência relativa à Fazenda do Sol, uma casa de recuperação que estava iniciando timidamente seu trabalho.

Agnaldo abordou a questão dos serviços ambulatoriais na cidade, reconhecendo sua existência, mas destacando que atualmente está pleiteando a implementação de serviços específicos para crianças, adolescentes e mulheres, pois tais recursos ainda não existem no município.

Ele compartilhou sua experiência pessoal como ex-usuário de drogas, assim como a de seu irmão, que também era usuário. Agnaldo relatou ter buscado ajuda junto ao vereador Olímpio Oliveira, que prontamente se dispôs a auxiliá-los no desenvolvimento do trabalho de enfrentamento e acolhimento. Ele ainda enfatizou a importância dos grupos anônimos e dos profissionais de saúde, destacando que, muitas vezes, o que realmente importa é a empatia e a dedicação dessas pessoas, independentemente de sua capacitação técnica, pois apenas aqueles que não têm para onde recorrer compreendem a necessidade de apoio.

Por fim, destacou a importância da participação da sociedade como um todo neste processo de enfrentamento às drogas e expressou seu agradecimento ao vereador Dinho, que presta ajuda de forma anônima. Ele ainda expressou sua gratidão a todos os envolvidos no trabalho do (COMAD), nas associações e nos conselhos, reconhecendo o empenho de cada um. “Ontem eu estava do outro lado, hoje estou aqui.”- concluiu.

Waldeny Santana (UNIÃO) diante da situação na cidade de Campina Grande, o vereador disse que registrou espaços onde existem pessoas em situação de rua e de abuso de drogas. E buscou por especialistas e indivíduos que compreendem do assunto e se informaram sobre entidades que trabalham com dependentes químicos.

Devido à escassez de recursos públicos municipais, ele empreendeu esforços para buscar auxílio, visitando oficialmente 12 deputados e senadores para expor a necessidade de aumentar as subvenções.

O vereador disse que também realizou uma campanha contra a legalização das drogas na cidade e que durante uma visita ao Instituto Vavá do Resgate, uma organização que trabalha com artesanato, surgiu a ideia de solicitar uma loja com vitrine para permitir que os dependentes químicos abrigados no Instituto pudessem vender suas criações na Vila do Artesão, para além de obter recursos, ficar menos dependente da subvenção municipal.

De acordo com o vereador, a AMDE (Agência Municipal de Desenvolvimento Econômico) não cedeu o espaço. No momento, os produtos se encontram no Salão do Artesanato da Paraíba. Ele ainda afirmou que tem mantido conversas com Marinaldo Cardoso e com o senador Veneziano Vital do Rêgo, em busca de melhorar a situação das subvenções para as instituições, pois sem dinheiro não é possível avançar.

Por fim, registrou que a CASA está progredindo ao promover discussões e debates, e o vereador deseja que sejam mais incisivos, pois o que importa são os resultados.

Pedro Vicente, representante da Secretaria de Saúde e Coordenação de Saúde Mental de Campina Grande, apresentou dados durante a sua fala sobre o Sistema Único de Saúde, que registrou 400 mil atendimentos em 2021 relacionados a transtornos mentais decorrentes do uso de substâncias psicoativas, com a faixa etária predominante entre 25 e 29 anos.

Em seguida, Pedro falou sobre os órgãos municipais que têm se envolvido de maneira específica no enfrentamento deste problema. Ele mencionou o CAPS AD, que em 2019 atendia 233 pessoas e atualmente atende a 342. Além disso, mencionou o CAPS adulto, que presta atendimento a 1.768 pessoas.

A rede de atendimento em Campina Grande também conta com o apoio do Hospital Dr. Edgley, que realiza o processo de desintoxicação e encaminha os pacientes para o CAPS. Além disso, há o CAPS de São José da Mata e de Galante, que também atendem este público.

Pedro destacou que a cidade possui oito serviços de CAPS, capazes de atender à população e a outra ferramenta importante é o Consultório na Rua, que realiza a abordagem e encaminhamento de pessoas em situação de rua e dependência química. Por fim, ressaltou a importância das comunidades terapêuticas, afirmando que nem todos os recursos municipais são capazes de suprir a demanda, uma vez que o consumo e uso de substâncias têm aumentado a cada ano.

Foto: Josenildo Costa

Rafael Durant, representante da SEMAS (Secretaria Municipal de Assistência Social) e do Conselho Municipal Antidrogas de Campina Grande, compartilhou uma história real durante seu discurso. Ele descreveu a trajetória de um jovem que passou por uma fase de revolta e rebeldia na adolescência, influenciado por más companhias. Inicialmente, o jovem experimentou maconha e cigarros, mas logo passou a consumir cocaína e crack, esta última sendo uma droga extremamente viciante que deixou sequelas para o resto de sua vida.

O jovem acumulou dívidas, perdeu a confiança e decepcionou sua família. Sua vida se tornou uma promiscuidade e uma depravação total, abandonando o trabalho, os estudos e os esportes. Porém, ele teve um encontro que mudou radicalmente sua vida, uma experiência de fé, um encontro com Deus e conheceu uma instituição que oferecia um importante serviço de conscientização sobre os riscos físicos e mentais decorrentes do abuso de drogas. Com esta oportunidade, o jovem pôde compartilhar seu testemunho com milhares de crianças e jovens. Ele começou a reconstruir sua vida, ingressou na universidade, formou-se em Direito e passou a se engajar na esfera pública. Rafael Durant, após exposição, declarou ser ele é este jovem, que hoje está na Tribuna, contando sua história.

Rafael compartilhou a sua história para destacar a possibilidade de restauração e enfatizar a importância de continuar lutando por programas de enfrentamento às drogas. Ele mencionou o Programa Redenção, um programa municipal que enfrenta o problema das pessoas em situação de rua e moradores de rua envolvidos com o uso e abuso de drogas em Campina Grande, incluindo as conhecidas “Cravolândia”. Ele relatou visitas técnicas, como sua ida ao Centro POP, que abrigava 242 pessoas, sendo 80% delas usuárias de substâncias psicoativas.

Além disso, mencionou a importância de buscar políticas públicas e aprender com aqueles que já desenvolvem trabalhos similares, como o Centro POP de Santa Cecília, a “cracolândia” em São Paulo e a Secretaria de Desenvolvimento Social de São Paulo. Ele ainda apresentou os planos de execução, que incluem levantamentos emergenciais, ações preventivas e de saúde em curto prazo, e acolhimento, capacitação, emprego e acompanhamento a longo prazo.

Por fim, Rafael citou Victor Frank, dizendo: “Quando a situação for boa, desfrute-a. Quando a situação for ruim, transforme-a. E quando a situação não puder ser transformada, transforme-se”. Com esta citação, ele encerrou seu discurso.

O professor Moisés, representando o Secretário de Educação Asfora Neto, enfatizou durante seu discurso a importância de investir na educação como forma de prevenir o consumo de drogas. Ele ressaltou que, embora ainda haja preocupação com os usuários de drogas, é fundamental direcionar esforços para garantir um investimento adequado na área educacional, de modo a evitar que essas pessoas se tornem dependentes de substâncias.

Ele apontou que, historicamente, os problemas de saúde mental nas camadas mais marginalizadas da sociedade eram resolvidos nos manicômios, enquanto que quando esses problemas afetam a classe média alta, percebia-se a necessidade de encontrar soluções mais adequadas. Segundo ele, o mesmo ocorreu com as drogas, onde inicialmente o consumo de maconha era associado aos bairros periféricos, mas quando a cocaína chegou às classes mais privilegiadas, medidas, institutos e abordagens científicas foram criados.

No entanto, Moisés argumentou que houve uma negligência em investir no ser humano, na educação, na inclusão social, na qualidade de vida e ambiental, bem como na defesa dos direitos dos povos indígenas, que também são seres humanos. Ele ressaltou a importância de combater o uso de drogas, mas destacou a necessidade de defender todos os direitos humanos de forma abrangente e integrada.

Foto: Josenildo Costa

Padre Sérgio, representando a Fazenda do Sol, durante sua fala, optou por não expor as realidades que já haviam sido apresentadas. Em vez disso, ele enfatizou a importância de agir diante do tema complexo das drogas, questionando o que poderia ser feito de forma direta para Campina Grande.

O padre mencionou que recebe constantemente ligações de Conselhos Tutelares e hospitais, pedindo ajuda em relação ao assunto das drogas e ressaltou que as comunidades terapêuticas precisam ser vistas de forma diferenciada, considerando o espaço que ocupam e suas atividades.

Há mais de 10 anos, o padre Sérgio disse que propôs reunir autoridades e elaborar uma cartilha para trabalhar a prevenção nas escolas, incluindo disciplinas voltadas para essa dimensão. Concluindo sua fala, agradeceu pela oportunidade de diálogo e expressou sua disposição em buscar soluções efetivas diante do desafio das drogas.

João Augusto, coordenador da Associação Campinense de Prevenção e Combate às Drogas, ao fazer sua fala, representou especialmente crianças, adolescentes e jovens. Ele ressaltou que muitos sonhos estão sendo destruídos devido ao uso de drogas por esse público. Segundo João Augusto, o governo tem fechado os olhos para essas pessoas que se tornam vítimas das drogas, desde o álcool até o crack. Ele enfatizou a importância de lutar e estender as mãos para apoiar e ajudar aqueles que estão em situação de queda.

O coordenador mencionou um projeto de futebol e futsal direcionado ao público masculino e feminino, e destacou a ausência de clínicas de desintoxicação em longo prazo para mulheres, crianças e adolescentes. Ele também ressaltou que, embora faça parte da zona leste, está representando todos os indivíduos das áreas periféricas. João observou que a política não demonstrava preocupação até que o problema das drogas chegou às escolas particulares e acrescentou que é possível ver em cada celular, jovens e adolescentes que estão morrendo devido ao vício. Para ele, é necessário agir não apenas como uma campanha para se engrandecer, mas sim para salvar vidas.

Mario Fernandes, representando a comunidade LGBT em nível municipal e nacional, expressou inicialmente sua frustração com a falta de mudanças efetivas. Para Mário, é pior ter órgãos responsáveis por resolver o problema e vê-los inoperantes.

Ele disse que apesar da presença de várias instituições, parece que estão perdendo a batalha contra as drogas e enfatizou a necessidade de discutir essa realidade de forma efetiva, principalmente no âmbito do conselho consultivo.

Ao abordar a questão das drogas, Mario mencionou ter ouvido falar que o bairro Pedregal é um problema em Campina Grande. No entanto, ele ressaltou que diversos atores sociais de classe alta também fazem uso dessas substâncias. Isso evidencia a complexidade e abrangência do problema, que requer uma abordagem holística no tratamento da pessoa humana, considerando o trabalho, o emprego, a saúde, a educação e outras ações.

Por fim, Mário disse que acredita que o foco não pode estar apenas na droga em si, pois a cada ano surgem substâncias mais fortes. Ele expressou sua frustração com a falta de resolução da situação ao longo dos anos, destacando a necessidade de abordar o problema de forma mais ampla e eficaz.

Lana Menezes, representante dos Conselhos Tutelares de Campina Grande, compartilhou suas reflexões durante uma reunião no COMAD. Ela mencionou que, no dia 26, é celebrado o Dia Internacional de Combate às Drogas, mas também coincide com a ressaca pós-festa do Maior São João do Mundo. Isto dificulta a realização de eventos voltados para a conscientização sobre drogas nesta data.

Lana ainda ressaltou a importância das contribuições de cada pessoa presente, mas enfatizou a necessidade de pensar em ações efetivas com políticas públicas direcionadas ao enfrentamento das drogas e ao tratamento das pessoas afetadas.

Ela mencionou o CAPS e outras instituições, mas destacou a falta de estruturas específicas para crianças, adolescentes e mulheres. Desde 2006, ela informou que existe uma promessa de criação de estruturas, mas até o momento não foram implementadas.

Lana expressou a necessidade de que as pessoas tenham acesso a atendimento terapêutico dentro do município, incluindo casas de tratamento para homens, mulheres, crianças e adolescentes. Atualmente, o município precisa encaminhar essas pessoas para fora da cidade em busca de tratamento.

Ela também abordou o impacto negativo das festividades do Maior São João do Mundo, mencionando casos de crianças e adolescentes envolvidos com drogas, atuando como “aviãozinho”, casos de estupro de vulneráveis e trabalho infantil. Ela criticou o fato de as instituições funcionarem de acordo com sua própria vontade, sem regulamentação adequada. “Quando o COMAD precisa fiscalizar, algumas instituições mudam de endereço para evitar a fiscalização”, destacou. Por fim, Lana solicitou a regulamentação das instituições e enfatizou a importância de passar pelo crivo do conselho COMAD para garantir a transparência e a eficácia de seu funcionamento.

Foto: Josenildo Costa

A vereadora Jô Oliveira (PCdoB), destacou durante seu discurso que o número de pessoas em situação de rua vai além do que foi apresentado anteriormente como dado oficial. Ela mencionou que, em uma audiência pública realizada no ano passado, as entidades afirmaram que o número ultrapassa 350. Jô ressaltou a importância de ouvir aqueles que realizam o trabalho de assistência, inclusive de forma voluntária, para obter uma visão mais abrangente da situação. Ela concordou com o padre Sérgio sobre a necessidade de olhar para a integridade do ser humano, mas também questionou quem são esses corpos que muitas vezes são os mais violados e afetados por problemas sociais tão graves.

A vereadora abordou o aspecto de gênero, destacando o papel das mulheres no enfrentamento dessa questão, seja como mães, psicólogas ou cuidadoras, e ressaltou que são elas também que estão no crescente número de usuárias de drogas. Além disso, trouxe à tona o aspecto racial, citando a frase de Moisés: “todo camburão tem um pouco de navio negreiro”, destacando o encarceramento dos corpos negros.

Jô enfatizou a necessidade de investigar quem lucra e se enriquece com as drogas, pois essas pessoas raramente têm seus bolsos revistados. Ela também ressaltou a importância de abordar a questão étnico-racial e de classe, pois são os pobres que não têm acesso à justiça e aos serviços sociais.

A vereadora mencionou a Lei de 11/06, que estabelece as entidades que recebem benefícios sociais em Campina Grande, incluindo a assistência social. Ela enfatizou a necessidade de o município pagar essas subvenções em dia, considerando que essas instituições precisam arcar com aluguel e corpo técnico, mas os recursos são insuficientes para realizar todas as ações necessárias. Por fim, ela ressaltou a importância do planejamento do orçamento para enfrentar essas questões históricas, sem atribuir culpa a gestões passadas, mas sim buscando soluções para o presente. Ela ainda deixou como referência o livro “Não é a droga, sou eu”, de Eziel Inocêncio, que traz a perspectiva de alguém que entrou e saiu várias vezes de instituições.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Fabiana Gomes disse que o intuito é colher informações e desenvolver deliberações, para que a intersetorialidade volte a existir. “É a partir da discussão de hoje que podemos deliberar os problemas, para mais uma vez, levar a visibilidade para o município, sobre o assunto que está sendo abordado”, afirmou.

Marinaldo Cardoso (Republicanos) se acostou à fala da vereadora Fabiana Gomes, pontuando que existem diversos temas que a CASA precisa dar prioridade e este tema é um deles. O presidente ressaltou as ações já desenvolvidas pela Casa Legislativa, buscando apoio no âmbito estadual e federal, e que também é possível realizar as ações nesse sentido, no combate e enfrentamento às drogas, assim como no acolhimento e tratamento de dependentes químicos.

Olimpio Oliveira apontou que dados da cidade são desatualizados e sobre a estrutura do CAPS que atende hoje, questionou se existe demanda reprimida na cidade.

O representante da Secretaria de Saúde, Pedro Vicente, confirmou que existe uma demanda reprimida, já que na rua se encontram pessoas em cena de uso. Ele afirmou que são as instituições que apoiam nessa situação, além da gestão municipal, pois o trabalho é feito de forma intersetorial e que a situação nos leva a uma reflexão para saber o que fazer a partir dos dados e informações.

O Padre Sérgio, representando a Fazenda do Sol, por fim registrou que iniciou um trabalho com o público feminino em 2010 que precisou ser encerrado por falta de recursos e deixou como apelo, reiniciar esse trabalho, assim como também com jovens e adolescentes, além de fortalecer o trabalho já existente com o público masculino.

A vereadora Fabiana Gomes (PSD) informou que vai elaborar um relatório com encaminhamentos diante do que foi exposto, para enviar a todos os presentes e representantes.

Os trabalhos foram encerrados pelo presidente Marinaldo Cardoso (Republicanos), convidando os vereadores para a sessão ordinária desta quinta-feira (15), a ser realizada em formato híbrido, a partir das 9h30.

DIVICOM/CMCG