Em sessão híbrida presidida por Marinaldo Cardoso (Republicanos), na manhã desta terça-feira (11) com a participação de 19 vereadores foram aprovadas quatro atas e 20 requerimentos.
Os vereadores inscritos para o pequeno e o grande expediente declinaram das suas falas, por conta da realização da Sessão Especial – Abril Azul.
O secretário Saulo Noronha (SD) fez a leitura dos requerimentos de voto de pesar. E os requerimentos de votos de aplausos de solicitações de Sessões Especiais e Audiências Públicas, que foram aprovados por unanimidade, e encerrada a sessão.
SESSÃO ESPECIAL ABRIL AZUL
O presidente da Câmara Marinaldo Cardoso (Republicanos) abriu a Sessão Especial relativa ao Abril Azul para discutir a causa autista, uma propositura da presidente da Comissão de Saúde da CMCG, Carol Gomes (PROS).
Após a leitura do expediente, o presidente Marinaldo convocou os convidados para a formação da mesa, a psicóloga e Primeira Dama, Juliana Cunha Lima, o secretário de Saúde, Felipe Reul, a coordenadora de Saúde Mental do Município, Lívia Sales, Edna Silva, coordenadora da Pessoa com Deficiência do Município, a fonoaudióloga Paula Campos e Adriana Costa, do Capsinho.
A vereadora Carol Gomes (PROS) iniciou a sua fala agradecendo aos convidados e aos vereadores presentes, acrescentando que está causa faz parte da sua vida desde 2005 como fisioterapeuta, sendo necessário estudar muito para conhecer um pouco do autismo e abraçou a causa em nome de Mateus o seu primeiro paciente que lhe deu um tapa no primeiro atendimento.
Carol agradeceu a psicóloga Juliana Cunha Lima por defender a causa e a todos os defensores, em especial a Joelma Silva, mãe de autistas que na sessão falou em nome de todas as mães. “Me sinto feliz, tenho orgulho de ter feito parte dessa causa tão importante que precisa de um olhar precoce e de acolhimento. Aqui é um início de uma caminhada, abrace a causa autista e doenças raras”, destacou.
O presidente Marinaldo parabenizou a vereadora Carol Gomes pela iniciativa da propositura, e disse que sabia das dificuldades de quem tem um autista em casa, tenho um sobrinho autista, parabenizou a todos presentes, e a Frente Parlamentar e como sempre acontece durante as sessões especiais e audiências públicas, passou a presidência dos trabalhos a autora da propositura.
A fonoaudióloga Paula Campos, agradeceu o convite para participar da sessão especial e lembrou que tem uma história de trabalho com a vereadora Carol Gomes e registrou a sua alegria de reintegrar a equipe de Saúde Mental na gestão do prefeito Bruno Cunha Lima.
Paula defende equidade para o autista e sua família, autismo não é doença é um transtorno. O transtorno do espectro do autista (TEA) é um transtorno relacionado ao desenvolvimento neurológico. Sua caracterização é feita pelos sinais e sintomas apresentados pela pessoa, que compreendem dificuldade em se comunicar, dificuldade de interação social e por interesses ou movimentos repetidos realizados pela pessoa.
É um transtorno que precisa de uma leitura das suas necessidades. De acordo com pesquisa feita nos Estados Unidos em 2020, de cada 54 pessoas, uma é autista. O diagnóstico precoce vai tornar o autista mais autônomo.
Há cinco anos Paula teve acesso a ABA – análise do comportamento aplicada ou análise comportamental aplicada, conhecida por sua sigla em inglês ABA (Applied Behavior Analysis), é aplicação da psicologia comportamental que ficou muito conhecida no Brasil por sua adaptação para o tratamento de crianças com diagnóstico do transtorno do espectro autista. E diz que com a ABA tem verificado progressos em seus pacientes.
O secretário da Saúde, Felipe Reul agradeceu o convite de participar mais uma vez de um debate sobre a saúde na Câmara e agradeceu a equipe de saúde a Primeira Dama que tem dado todo o suporte a causa do autismo.
Ele falou dos pais que quase sempre abandonam os filhos e as mães ficam responsáveis por tudo. Temos o Capsinho – Centro Campinense de Intervenção Precoce que atende os autistas e dá apoio às mães. A saúde tem suas complexidades, mas a gestão busca a melhoria, a qualificação e o respeito a todos que têm autismo na cidade.
A psicóloga e Primeira Dama, Juliana Cunha Lima agradeceu o convite da vereadora Carol Gomes, e justificou a ausência do prefeito na sessão por conta de compromissos administrativos pré-agendados. Ela destacou a importância do tema e que, como profissional de saúde, se sentia honrada em participar da sessão.
Ela informou que o governo municipal tem feito grande esforço para aperfeiçoar o atendimento voltado às pessoas com autismo, empreendendo ações que têm caráter intersetorial, especialmente no campo da saúde.
Falou das conquistas nesses quatro primeiros meses: a reinauguração do Centro Campinense de Intervenção Precoce “Capsinho”; o funcionamento do Centro Especialização em Reabilitação (CER); a criação de um ambulatório de saúde mental e melhorias nas demais unidades de saúde, realização de encontro municipal sobre o autismo, além do projeto para a futura clínica-escola para autistas.
“Por tudo isso, estaremos sempre à disposição da população para a realização do que for possível em prol dos autistas e de suas famílias. Este é compromisso do prefeito Bruno Cunha Lima e de todos os que integram o governo municipal”, destacou a primeira-dama, ressaltando que o prefeito sempre teve, ao longo da sua vida pública, uma trajetória de trabalho em prol da causa autista.
A coordenadora de Saúde Mental do Município, Lívia Sales, falou da sua alegria em voltar à Câmara para tratar de um tema tão importante e lembrou que em 2019 foi adotada como filha de Campina Grande, recebendo o título de cidadã campinense, uma propositura do vereador Olímpio Oliveira (PSL).
A causa autista engloba 70 milhões de pessoas no mundo, sendo 2 milhões de pessoas só no Brasil, alguns precisam de maiores cuidados e apoio ao longo de toda vida. Ressaltou que é importante difundir informação coerente, promover saúde, instigar estudos e pesquisas, promover conscientização da sociedade também para que os profissionais de saúde possam se atualizar, desenvolver habilidades e identificar sinais do espectro, ‘’pois sabemos da importância do estímulo precoce para que a pessoa com autismo possa se desenvolver durante a sua vida’’ – frisou.
Explicou que a família não consegue assegurar todo o apoio necessário de uma pessoa com ‘’TEA’’, pois há também uma redução da renda familiar, visto que muitos pais e mães precisam trabalhar por menos horas. Por isso, a importância do compromisso da saúde mental do município com essa causa, ressaltando que nesse momento diante do compromisso do prefeito Bruno Cunha Lima e da Primeira-Dama Juliana, a causa do autismo se tornou pauta recorrente nos serviços prestados pela gestão municipal, citando como exemplo, o CAPS 2 e 3, o CAPSINHO, os debates promovidos e as formações para os profissionais.
Agradeceu a vereadora Carol, a todos os vereadores e vereadoras, a Frente Parlamentar Municipal que apoia a causa de pessoas portadoras de doenças raras de autoria do vereador Olímpio Oliveira, ao prefeito Bruno Cunha Lima e a Primeira Dama Juliana Cunha Lima, bem como ao Secretário de Saúde do município, aos coordenadores e profissionais de saúde mental e a todos que fazem a saúde mental de Campina Grande que trabalham com dedicação e amor.
Para finalizar, trouxe a realidade da falta de informação da sociedade sobre o tema, onde por vezes a mãe foi culpada, as vacinas foram culpadas (tríplice viral), onde apesar dessas informações já terem sido desconsideradas, os conhecimentos precisam ser mais difundidos, pois as famílias são ávidas por informações seguras, além de ser importante que as pessoas tenham conhecimento sobre o que é o transtorno, para que possam estar capacitadas. ‘’Ainda temos muitas estrelas para alcançar, sonhos para sonhar, flores para regar, mas precisamos fazer isso juntos’’ – finalizou.
Edna Silva, Coordenadora da Pessoa com Deficiência do Município, fez uma saudação a todos os presentes e ao público que está em casa, as mães, as famílias de pessoas com autismo, frisando que as famílias estão tendo a oportunidade de ver candidatos que eles elegeram abrindo espaço para esse debate.
Falou sobre a missão da coordenação: ‘’todos conheçam para incluir, e incluir para mudar’’, sendo Campina Grande uma das cidades mais inclusivas do Brasil, sendo a principal missão trazer as pessoas com deficiência para conviver em sociedade.
Pontuou algumas ações que estão sendo realizadas como: Capacitação inclusiva, com o lema ‘’conhecer para incluir’’, promovendo acessibilidade atitudinal; Promovendo conhecimento para os colaboradores de segmentos aprender como lidar com as pessoas com deficiência quando for utilizar os serviços públicos com capacitação, inclusive com pessoas autistas que tem capacidade de se envolver, trabalhar, e desenvolver projetos e Treinamento das pessoas dos parques públicos de Campina Grande para que saibam como lidar com pessoas com TEA e doenças raras.
Informou também que Campina Grande ainda não possui os dados estatísticos de pessoas com qualquer deficiência, mas que a Prefeitura Municipal junto com a Coordenação da Pessoa com Deficiência, está desenvolvendo em parceria com a Secretaria de Tecnologia, o cadastramento que será possível mensurar o número de pessoas com autismo existente na cidade. Após essa conclusão, será realizado outro projeto ‘’Onde está você?’’, onde será possível ir até essas famílias no caso onde eles não puderem se deslocar até os centros de atendimento.
Além disso, citou o Projeto ‘’Clínica Escola para Autistas” promovido pela primeira-dama Juliana Cunha Lima, e em breve chegará em Campina Grande, e do treinamento com o pessoal do Procon e da Sejel para lidar com as pessoas com deficiência. Encerrou a sua fala com um Cordel de Tiago Arruda, um pai autista.
Adriana Costa falou sobre o ‘’CAPSINHO’’, Centro Campinense de Intervenção Precoce, que teve sua fundação em 2006, para atendimento de crianças de 0 aos 18 anos que estão em sofrimento psíquico, além do acompanhamento das mães e famílias. Informou que com a pandemia aumentou muito a procura pelo atendimento, pois as mães estão percebendo questões como irritabilidade, insônia, apetite, que são sintomas que sinalizam alguns sinais de sofrimento e então é oferecido esse atendimento por meio de um acompanhamento multidisciplinar.
Além disso, falou sobre Joelma da Silva que está à frente de um grupo de mães auxiliando as mesmas no atendimento do CAPS. Destacou também a importância para o atendimento precoce e fez uma fala direcionada aos profissionais de saúde, alertando a necessidade de acolher todas as famílias que precisam do atendimento. Também ressaltou que o serviço realizado aqui em Campina Grande é referência no Brasil em atendimento de crianças com sofrimentos psíquicos e intervenção precoce e que a mudança do local foi extremamente importante para promover acessibilidade.
Lorena Macedo, Coordenadora do CER, destacou o atendimento realizado no Centro Especializado em Reabilitação, que tem habilidade em quatro tipos de reabilitação prestando atendimento a quatro tipos de deficiência: física, auditiva, visual e intelectual. Dentro dessa clínica intelectual, o objetivo é prestar atendimento e garantir linhas de cuidado em saúde, com ações voltadas à funcionalidade, cognição, sociabilidade, linguagem e desenvolvimento de habilidades necessárias para pessoas com deficiência intelectual e pessoas com deficiência do transtorno de espectro autista.
Atualmente tem 222 pessoas com TEA (transtorno de espectro autista) em acompanhamento clínico no CER, e dessas 222, 90 autistas realizam acompanhamentos em outras terapias. Além disso, no CER é aplicado um atendimento multidisciplinar onde é desenvolvido um plano terapêutico singular para cada uma dessas pessoas com uma abordagem transdisciplinar, buscando um maior benefício no tratamento dessas pessoas.
Destacou também que as famílias têm buscado cada vez mais tanto o serviço de saúde mental, como também o CER, para atendimento de pessoas com suspeita de possuir traços do espectro autista. Por fim, deixou seu agradecimento à Carol Gomes e à toda a secretaria de saúde de Campina Grande, ressaltando a importância de ampliar a qualidade da assistência a todas as pessoas que precisam.
Joelma da Silva, mãe de dois filhos autistas, subiu na tribuna com uma fala emocionada, para compartilhar um pouco a sua história e todos os desafios enfrentados desde o nascimento dos filhos, da procura por atendimento, do diagnóstico até o tratamento acompanhado pelo CAPS.
Informou que chegou ao CAPS em 2009 após ter passado por uma perda familiar, e que quando o seu filho nasceu percebeu que ele não fixava o olhar, não sentou, não falava e demonstrava muita irritação sem conseguir até mesmo dormir. Buscou atendimento com a Dra. Rosário, psiquiatra e foi encaminhada para a fonoaudióloga Juliana Barbosa, onde ela se dispôs a atendê-lo de maneira gratuita por três meses, sendo diagnosticado com transtorno do espectro autista e encaminhado para o CAPS. Ela ressaltou que foi muito difícil devido a sua falta de informação sobre o tema, mas iniciou o tratamento e aos poucos foi participando das experiências coletivas e conseguindo aprender mais.
Destacou a importância da orientação familiar e do ambiente familiar para crianças com TEA e fez um agradecimento especial à escola municipal Dr. Elpídio de Almeida, pois os professores têm se adaptado às aulas para os seus filhos, dentro do contexto que eles vivem e se identificam.
Agradeceu pela oportunidade de poder compartilhar a sua experiência na Câmara Municipal de Campina Grande, fez também um agradecimento primeiramente a Deus e depois ao CAPS que a acolheu e vem realizando esse trabalho.
Olímpio Oliveira (PSL) fez uma fala breve: ‘’nada do que eu disser representará a fala da mãe Joelma e que o tempo de agir para transformar é esse. Que em respeito a essa mãe, devemos investir nessa causa. ’’ – Concluiu.
Rubens Nascimento (DEM) parabenizou a gestão municipal pela realização do I Encontro Municipal sobre o Autismo, onde ficou impactado com a palestra e registrou estar igualmente impactado pelo o que foi colocado na Câmara de Vereadores nesta manhã. Ressaltou que essa sessão é para ser assistida, e não ser apenas ouvinte, mas um ‘’operoso praticante’’ daquilo que foi aprendido.
Finalizou fazendo um convite público para a primeira dama, e quem quiser acompanhar, para conhecer a igreja verbo da vida sede, onde através de Juliana Borba, esposa do pastor, tem sido realizado um trabalho adaptado com as crianças, por meio de uma contribuição profissional de membros que conhecem a temática do autismo, se demonstrando como uma igreja inclusiva, e numa perspectiva também evangelizadora.
Valéria Aragão (PTB) parabenizou Carol Gomes e saudou a todos em nome de Joelma da Silva e confessou que se encontrou nesta sessão especial e pediu ao secretário da Saúde que coloque como prioridade a vacinação das mães autistas e de filhos com outras deficiências e se convidou para fazer uma visita as profissionais convidadas para a sessão.
Jô Oliveira (PC do B), faço minhas as palavras do Dr. Olímpio e minha saudação especial a mãe autista, hoje entendo a alegria de Edilza a mãe de Ítalo que me abraçou e agradeço a Carol por esta sessão.
Fabiana Gomes (PSD), em sua fala diz que é impossível uma mãe não sentir empatia pela causa autista e Juliana Cunha Lima que ainda não é mãe tem esse olhar para o autismo. Meu abraço a Joelma que representou as mães autistas.
Anderson Pila (PODE) destacou a importância do debate para a CASA, parabenizou Carol, e fez um pedido a gestão através da Primeira Dama para o Autismo e afirmou, “Tudo o que li de nada me adiantou. Aprendi hoje com Joelma que o autismo deve ser colocado dentro do Orçamento Público”.
Dona Fátima (PODE) parabenizou Carol pela sessão e afirmou que tem de criar duas crianças especiais, parabéns por sua dedicação, carinho e força para lutar pelo bem-estar dos seus filhos.
Rostand Paraíba (PP) registrou que tem uma filha de cinco anos que é autista e que pensava que era doença, e falou da dificuldade de acesso a profissionais para o atendimento.
Adriana Costa, do Capsinho, informou ao vereador que ele pode levar a sua filha para o atendimento, que as portas são abertas, e que o atendimento é feito das 8h às 17h, de segunda a sexta-feira. O Capsinho está localizado na Avenida Rio Branco, 403, Centro.
Marinaldo Cardoso (Republicanos) muito emocionado falou da história do seu sobrinho Yuri, que foi deixado dentro de uma caixa na frente da casa da sua irmã que o acolheu como filho. Aos dois anos veio o diagnóstico de autismo. Aos 26 anos, minha irmã faleceu por conta de um aneurisma, o pai ficou cuidando dele, tempos depois faleceu. Hoje Yuri tem 32 anos e vive com as irmãs, fico feliz quando ele diz ‘Tio eu te amo’ e tenho certeza que é verdadeiro esse amor. Essa sessão marca muito para essa CASA. Yuri foi rejeitado desde que nasceu, infelizmente hoje não tem mãe e nem pai. ‘Só tenho que agradecer a Carol por trazer esse tema, meus agradecimentos a Lívia e toda equipe da Saúde e em nome de Yuri encerro minha fala’.
Joelma da Silva, se solidarizou com Marinaldo, e informou que o problema maior enfrentado pelas mães de autistas é deixá-los sem proteção ao morrer.
Carol Gomes encerrou a sessão com o agradecimento a Joelma que representa todas as mães, e destacou que o Serviço Público pode funcionar e que esse momento seja o primeiro de muitos e que esse debate seja de inclusão.
DIVICOM/CMCG