Foto: Josenildo Costa


O vereador Olimpio Oliveira (Podemos) expressou a importância pessoal e simbólica do título de cidadania campinense, refletindo sobre como o recebimento dessa honraria marcou um dos dias mais importantes de sua vida.

Ele reconheceu que estava participando de um momento igualmente significativo na vida do professor Lívio José da Silva, Mestre em Engenharia de Produção pela UFPB, que se estende a tantas outras formações curriculares, cuja atuação em prol da acessibilidade em Campina Grande o destacou.

Olimpio relembrou seu primeiro encontro com Lívio, nascido no município de Aracaju – Sergipe, que aconteceu quando o professor chegou ao seu gabinete preocupado com as questões de acessibilidade em Campina Grande.

Através do protagonismo de Lívio, importantes avanços foram feitos, contribuindo para a formulação de políticas públicas durante o mandato do vereador. Olimpio destacou que Lívio se diferencia não apenas pelo seu envolvimento e cuidado com a acessibilidade das pessoas, mas também pelo seu papel como professor na universidade federal de Campina Grande.

Foto: Josenildo Costa

o vereador concluiu, afirmando que a Câmara Municipal não poderia deixar de conceder essa honraria ao professor. “Hoje é um dia especial porque Campina Grande recebe um presente de um filho querido”, afirmou Olimpio.

A vice-presidente Fabiana Gomes (União Brasil), responsável por conduzir a sessão, ressaltou a importância do Professor Lívio como uma referência na causa da acessibilidade. Ela enfatizou a honra de presidir e participar da entrega do título de cidadania campinense, destacando a relevância de sua contribuição para a cidade. O Professor Lívio tem um registro histórico em defesa da acessibilidade, na preocupação da situação das pessoas portadoras de deficiência.

CONVIDADOS NA TRIBUNA
Clovis Matos, amigo do homenageado, fez a abertura da participação dos convidados na tribuna, destacando que o professor carrega a bagagem de se preocupar com o bem estar do próximo, sendo uma virtude singular de um ser que se diz humano. Além disso, frisou que considera preponderante o reconhecimento do ser humano e do valor do próximo, destacando a ação do título concedido pela Câmara dos Vereadores.

Cleide Lira, amiga do homenageado, ressaltou a importância de estar presente nesse momento tão sonhado, relembrando que como mãe de um cadeirante, sempre recebeu apoio do professor, seja através de suas ações, como também do seu conhecimento. Ela relembrou duas situações em que recebeu sua ajuda, a primeira quando as pessoas estacionavam na frente de sua residência e nas ligações insistentes para a rádio e STTP, com o objetivo de que a sua casa fosse sinalizada, em que o professor foi o primeiro que abraçou essa causa. Apesar da sinalização, as pessoas continuam desrespeitando, além de passar por outras questões vexatórias em Campina Grande. A segunda situação, foi quando levou seu filho para atendimento em uma clínica do plano de saúde, mas ao chegar, se deparou com uma escada na entrada. Ela disse que ligou para o professor e que através de um programa que ele tinha em seu celular, era possível realizar um estudo do local e das ilegalidades relativas à acessibilidade. O professor elaborou um relatório para ser enviado ao plano de saúde e ao Ministério Público e foi através disso, que ela conseguiu uma clínica que pudesse entrar dignamente com o seu filho.

Inácia Feitosa, psicóloga, ressaltou a grande honra de estar presente e compartilhou algumas aventuras vividas com o homenageado relacionadas à busca por acessibilidade. Ela contou um caso relembrando que nos finais dos anos 90, um senhor se aproximou dela e comentou sobre as dificuldades que ela deveria enfrentar na cidade, comprometendo-se a abraçar a causa junto com ela. Meses depois, Inácia soube que ele era um juiz, que infelizmente faleceu em um acidente. No entanto, no início dos anos 2000, Inácia conheceu o professor Lívio, na mesma situação, onde ele também se comprometeu com a causa da acessibilidade. Ela relatou que, juntos, enfrentaram muitas lutas, entrevistas e movimentos, conseguindo várias conquistas, embora ainda haja muito a ser alcançado. Inácia destacou a solicitude e humanidade de Lívio, sempre atento aos detalhes necessários para realmente contribuir com a acessibilidade.

Socorro Bispo, estudante de Sociologia e ex-secretária executiva do Instituto dos Cegos, disse que o conheceu no conselho municipal da pessoa com deficiência, onde o professor Lívio se prontificou a ajudá-los. Ela lembrou da movimentação que ocorreu quando o Shopping Partage foi inaugurado após uma reforma. Durante essa movimentação, pessoas com deficiência entraram no local para testar a estrutura, o que resultou na intimação do shopping a implementar a acessibilidade necessária. Ela destacou que essas conquistas são resultados das ações do professor Lívio, que sempre identificou problemas e se comprometeu a resolvê-los. Embora pequenos, esses avanços são significativos na longa luta pela inclusão. Por fim, enfatizou a necessidade de maior sensibilidade por parte dos poderes públicos e das pessoas em relação às dificuldades enfrentadas por pessoas com deficiência, como a dificuldade de locomoção na cidade e nas calçadas.

Foto: Josenildo Costa

Gilmar Albuquerque – Teatrólogo, destacou a alegria e satisfação de estar presente na solenidade, comemorando não só o título, mas também o aniversário do homenageado. O teatrólogo falou sobre o preconceito que já sofreu como artista, mas que a arte também tem uma vertente que cuida da sociedade, através da denúncia e da educação, apesar de infelizmente a prática não ser comum na região. Agora, como cadeirante, destacou outro preconceito que vêm sofrendo, diante da falta da acessibilidade e da necessidade de os poderes terem mais exigência no cumprimento das normas. Gilmar disse que se sente representado por uma pessoa que não é deficiente físico, mas que tem humanidade em seu coração. Por fim, declamou um poema, para

Foto: Josenildo Costa

O Dr. Ivanildo Araújo – Desenhista industrial e professor da UFCG, relembrou a trajetória até conhecer o professor Lívio, quando assumiram juntos uma vaga no cargo efetivo na Universidade Federal. Ele disse que o professor se tornou um irmão, um amigo e um protetor, se comprometendo a ajudar em muitos momentos difíceis. Além disso, seu filho também foi aluno do professor Lívio e sempre teve respeito por ele. Ele destacou que o título de cidadão campinense vem reparar a história do professor na cidade de Campina Grande, ressaltando a honra de estar presente compartilhando esse título e disse que espera estar junto ao professor na criação de projetos que possam contribuir com a acessibilidade da cidade, minimizando os impactos negativos e as barreiras que as pessoas com limitações físicas enfrentam.

Tio Gera, destacou que cidadão campinense para o homenageado é pouco, pois ele é um cidadão de Deus, sempre ensinando os seus alunos a seguirem regras e normas. Disse ainda que conheceu o professor no curso de Engenharia, mas que na época desistiu de realizar o curso, por falta de acessibilidade no prédio. No entanto, disse que o professor Lívio foi quem lhe deu a voz, quem o ensinou a lutar por ele e por pessoas que precisam, além de incentivá-lo a retornar aos estudos de engenharia, se formando e construindo uma carreira. ‘’Se todo aluno de arquitetura e de engenharia passasse por Lívio, nós não estaríamos pedindo por isso aqui’’ – disse.

HOMENAGEADO
Professor Lívio José da Silva, homenageado nesta sessão solene, disse que chegou em Campina Grande em 1978, atraído pelo curso de desenho industrial e fez uma linha do tempo da sua trajetória, desde quando chegou à cidade, até quando fez o processo seletivo, entrou para o curso e passou a conhecer as pessoas e os profissionais da cidade. Ao se envolver mais com a Campina Grande, disse que começou a discutir mais sobre a cidade, citando Rui Barbosa (que era da URBEMA), junto a José Marques. Ele disse que foi a partir daí que teve a oportunidade de fazer trabalhos na cidade, mas que estava desmotivado e insatisfeito com os conteúdos das suas aulas, acreditando que poderia fazer mais. Foi em 2012 que teve o primeiro incentivo para se dedicar mais a essa transformação, inspirado por um livro chamado Desenho Universal, de autoria da Silvana Cambiaghi, que era cadeirante.

Foto: Josenildo Costa

Em seguida, relembrou da audiência pública promovida por Rodolfo (que estava presente na sessão) e em 2013 a universidade tomou a decisão de ampliação da acessibilidade, promovendo mais projetos nesse âmbito. Em 2014, outra sessão foi realizada na Casa, com a entrega da primeira proposta do plano de acessibilidade, construída coletivamente. Ainda no mesmo ano, disse que foi chamado no Ministério Público, sendo convidado pelo então promotor Dr. Eulampio Duarte, para apresentar um plano de mobilidade urbana para a prefeitura, inspirado no projeto piloto que tem como referência a cidade de Vitória do Espírito Santo. O professor Lívio também citou diversos nomes que contribuíram com o tema, relembrando que nesse plano também foi criada a comissão municipal de acessibilidade, mas que não chegou a ser regulamentada.

Em 2016, como membro do comitê técnico de mobilidade urbana, entregaram oficialmente o plano municipal de mobilidade da prefeitura de Campina Grande, destacando que é preciso ser atualizado. Já em 2019, relembrou do plano de trabalho com o CREA, que apresentou um decreto federal que permite que qualquer pessoa ao comprar um apartamento possa solicitar que o seu apto seja acessível sem nenhum custo e que após disso realizaram uma entrevista com uma visita ao apartamento de Inácia Feitosa, demonstrando como deve ser um apartamento para pessoas cadeirantes. Em relação à cidade, o trabalho parou por falta de retorno pelo o que já tinha sido realizado, se dedicando aos programas de extensão, pontuando que neste período será realizado um diagnóstico da cidade de Dona Inês, com um plano de acessibilidade voltado ao turismo do local.

Foto: Josenildo Costa

O homenageado ainda apresentou um vídeo sobre acessibilidade e a importância da inclusão. Concluindo, ele agradeceu a todos os seus amigos e ressaltou que a cidade deve também ao vereador Olimpio, por ter aberto o seu gabinete com generosidade e sentimento de cidadão campinense. Professor Lívio ainda pediu a Campina Grande para que se olhasse a cidade com o olhar de um cego, com a dificuldade de uma pessoa idosa para vencer o tempo de travessia das calçadas e com a surdez. Ele pediu que houvesse a sensibilidade de entender o outro para que pudéssemos avançar.

A propositura da Sessão Solene que concedeu Título de Cidadania Campinense ao Professor Lívio José da Silva foi realizada na Câmara Municipal de Campina Grande, de autoria do vereador Olimpio Oliveira (Podemos).

Foto: Josenildo Costa

FORMAÇÃO DA MESA
Inácia Feitosa – Psicóloga, Gilmar Albuquerque – Teatrólogo, Dr. Ivanildo Araújo – Desenhista industrial e professor da UFCG, Socorro Bispo – Estudante de Sociologia da UFPB e Ex-secretária executiva do Instituto dos Cegos, Clovis Matos – Amigo do homenageado, Cleide Lira – Administradora, Professor Lívio José da Silva – homenageado.

DIVICOM/CMCG

image_pdfSalvar PDF