Audiência Pública na CMCG reforça conscientização no Dia da Doação de Órgãos
Na manhã desta quarta-feira (27), foi realizada uma audiência pública, em comemoração ao Dia Nacional do Doador de Órgãos, com o objetivo de discutir ações de incentivo à doação. Uma propositura do vereador Alexandre Pereira (UNIÃO).
Na ocasião, foram feitas homenagens às famílias doadoras. As famílias homenageadas foram representadas pela senhora Osenir Simplício, sogra da senhora Jacilene Bezerra de Aguiar (in memoriam), o senhor João Batista, pai de Matheus Souto Maior (in memoriam) e Anunciada Rodrigues e Paulo Paulino de Sales, pais de Thiago Rodrigues (in memoriam).
A mesa foi formada pelos senhores Emmanuel Souza – Secretário Executivo de Saúde de Campina Grande; Egberto Coutinho Madruga – prefeito do Município de Mataraca; Pr. José Mota Filho – Vice-presidente da VINACC e representante da OMEB; Paulo Paulino de Sales – pai de Thiago Rodrigues de Sales (in memoriam); João Batista – pai de Matheus Souto (in memoriam) e as senhoras Marcela Bello – Coordenadora da Central de Transplante no Hospital de Trauma de Campina Grande e Osenir dos Santos – sogra de Jacilene Bezerra de Aguiar (in memoriam).
O Dia Nacional da Doação de Órgãos (27 de setembro) foi criado por lei em 2007 para realizar campanhas de estímulo à doação. Ao promover a Campanha Setembro Verde, a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos alerta para a diminuição do número de doadores em razão da pandemia. Alguns órgãos podem ser doados em vida, como rim e fígado. Outros dependem do diagnóstico de morte cerebral e de autorização da família.
O Ministério da Saúde orienta aos futuros doadores que conversem com os familiares e autorizem por escrito a doação dos órgãos e tecidos. Para conscientizar a população sobre a importância desse gesto, as cúpulas do Congresso Nacional ficarão iluminadas na cor verde a pedido do senador Nelsinho Trad do PSD de Mato Grosso do Sul e do Deputado Zacharias Calil do União de Goiás. Nelsinho Trad, que é médico, afirmou que um doador pode salvar até cinco vidas. Diga sim à doação de órgãos e salve até as 5 vidas que aguardam por uma segunda chance na fila de transplantes.
O Brasil tem o maior programa público de transplante de órgãos de tecidos e de células do mundo. Aqui pacientes recebem assistência integral gratuita, incluindo exames pré-operatórios, cirurgias, acompanhamento e medicamentos pós transplante pela rede pública.
Metade das famílias brasileiras se nega a doar órgãos. Se você deseja ser doador de órgãos avise sua família sobre sua vontade. A partir deste ano a nova carteira de identidade brasileira já passou a indicar se o cidadão é doador de órgãos ou não. Você só precisa manifestar o seu desejo no momento em que fizer o documento. A doação só é feita se houver morte encefálica, um processo absolutamente irreversível.
Segundo o Ministério da Saúde, mais de 50 mil brasileiros aguardam na fila do transplante de órgãos. A maioria está à espera de um rim. O transplante de córnea é o segundo com maior número de pacientes na lista.
JUSTIFICATIVA
O vereador Alexandre Pereira, ao justificar a proposta de realização de uma audiência pública, destacou que o milagre da vida é tão inexplicável que, mesmo em momentos de perda, dor, sofrimento e morte, é possível transformá-los em oportunidades de vida, esperança e renascimento. Nesse contexto, o potencial humano mais profundo é revelado quando, em situações tão difíceis, as pessoas conseguem realizar a doação de órgãos.
Ele ressaltou que quando um ente querido se vai, muitas vezes a informação da possibilidade de doação é chocante e difícil de ser processada. Não é fácil para quem está passando pelo luto e também é uma abordagem complicada para quem precisa fazê-la. No entanto, algumas famílias conseguem superar a devastação de suas almas e, mesmo enfrentando o luto, consideram a doação de órgãos como uma forma de amor e sensibilidade.
O vereador prestou homenagem a três famílias que passaram por esse momento difícil e que continuam a vivenciar o luto, mas que foram tocadas pelo amor e sensibilidade ao decidirem doar os órgãos de seus entes queridos. As famílias da Jacilene, do Thiago e do Matheus são citadas como exemplos de seres humanos tocados por Deus, cujos gestos só podem ser provenientes de um amor sobrenatural.
Ele destacou que a homenagem realizada na sessão é singela e simples, mas extremamente justa e necessária. Além de todo reconhecimento, o mais importante é saber que várias pessoas carregam um pouco dos seus familiares queridos graças a essas doações, permitindo que essas pessoas tenham uma nova chance e possam continuar vivendo. Essas famílias vivem na eternidade da esperança em uma vida além desta e na certeza de um reencontro.
O exemplo dessas famílias tem o poder do milagre da multiplicação, servindo de inspiração para outras famílias considerarem a doação de órgãos. O vereador ressaltou que ainda existe um alto índice de recusa à doação, e somente por meio de esclarecimentos e exemplos como esses, é possível reverter esse quadro. Portanto, a audiência pública proposta tem o objetivo de ampliar a conscientização e incentivar mais famílias a se tornarem doadoras de órgãos.
TRIBUNA
Emmanuel Souza – Secretário Executivo de Saúde de Campina Grande; registrou que a ampliação do tema foi notável recentemente, ganhando destaque nacional quando Fausto Silva entrou para fila para um transplante, destacando que quando se trata de celebridades, todo o Brasil se comove, mas é importante reconhecer que pessoas que não fazem parte do meio televisivo também se tornam célebres ao doar órgãos, perpetuando a vida através desse gesto de amor e empatia.
Nesse contexto, o elogio foi direcionado à iniciativa do vereador Alexandre, que propôs a representação dessas pessoas como exemplos de grandeza. Emanuel acrescentou que a doação de órgãos ainda é um tema delicado no Brasil e suscita uma discussão intensa, no entanto, mencionou os avanços no âmbito legislativo, como o Projeto de Lei 1.774, que trata da doação presumida, após o caso de Fausto Silva. Ele disse que o projeto é pertinente ao momento atual, pois presume que, a partir de sua aprovação, todos os brasileiros já nascem como doadores, a menos que manifestem o contrário em vida.
Por fim, disse que é importante destacar que, embora o Brasil seja o segundo país com o maior número de cirurgias de transplante realizadas no mundo, quando se considera a correlação entre o número de cirurgias e o número de doações, o país cai para o 25º lugar no ranking mundial, pois temos uma população grande, com um pequeno número de doações, sendo necessário aumentar a conscientização sobre o tema.
Ismael Kim – Coordenador Médico do SAMU; registrou inicialmente a importância da realização da sessão e da oportunidade de falar sobre o tema. Como ações práticas, ele mencionou a necessidade de políticas ativas para aumentar a captação de órgãos e melhorias no transporte de órgãos para chegar a tempo hábil em qualquer lugar do Brasil, diminuindo a ansiedade daqueles que aguardam na lista da espera. O coordenador se declarou doador, não só de órgãos e tecidos, mas também doador de sangue.
Pr. José Mota Filho – Vice presidente da VINACC e representando a OMEB; ressaltou que não crê que há possibilidades de aumentar os dias de vida, por acreditar que isso já é determinado por Deus, no entanto, acredita que é possível melhorar a qualidade de vida daqueles que necessitam por um órgão e tecido. “Doar órgãos é um bem que podemos fazer e abençoar pessoas que estão necessitando em uma longa fila’’ – disse. O pastor em nome da VINACC, se colocou à disposição para ser colaborador e cooperador de todo esse processo, visando incentivar a doação de órgãos e fazer o bem o quanto se possa fazer.
Patrícia Barbosa – Vice-presidente dos Renais-PB; expôs a situação dos pacientes renais que sofrem e necessitam de um atendimento de maior qualidade, especialmente considerando a ausência dos serviços do Hospital Antônio Targino, que era a instituição de referência para esses casos.
Atualmente, a Paraíba possui cerca de 500 pacientes que aguardam por um atendimento mais eficaz. Patrícia disse que os pacientes enfrentam, em muitos casos, um Estado próximo ao abandono devido à falta de excelência clínica e um atendimento adequado. Além disso, ela informou que há pacientes transplantados e em tratamento de hemodiálise, e alguns deles, acabam retornando a esse processo, o que acarreta em custos adicionais para os recursos públicos. Concluindo, ela fez um apelo aos poderes públicos, tanto municipais quanto estaduais, para que se unam nessa luta em prol dos pacientes renais, buscando soluções que proporcionem um atendimento de qualidade e evitem gastos desnecessários.
Egberto Coutinho Madruga – prefeito de Mataraca; disse que através do vereador Josivan tem feito um trabalho constante na promoção da causa da doação de órgãos e tecidos. Egberto ressaltou a necessidade e as filas de transplantes que crescem e registrou que neste dia, é preciso cobrar, através do diálogo a melhoria dos processos de doação de órgãos.
Com relação à mudança de lei mencionada pelo secretário, disse que acredita na melhoria e que precisa ser ampliado para as pequenas cidades dos interiores. Por fim, parabenizou as famílias doadoras e enfatizou os avanços por parte das autoridades, diante das filas que crescem. “Continuem cobrando, esse é o trabalho dos senhores, para que nós juntos possamos ver as melhorias”, concluiu.
Irmã de Jacilene – (em um audiovisual); agradeceu pela iniciativa do vereador Alexandre Pereira, de realizar uma sessão e que também presta uma homenagem à sua irmã, doadora de órgãos. Ela registrou a trajetória da sua irmã, ajudando pessoas por meio do seu trabalho profissional e da sua atuação na Igreja, e que mesmo após a morte, ela continuou ajudando outras pessoas, por meio dos órgãos doados.
Sergio Ferreira – Coordenador da Unidade Geral de Transplantes do Hospital Nossa Senhora das Neves; ressaltou a importância de tratar sobre o tema, mencionando que os transplantes se iniciaram na Paraíba pelo transplante renal, depois evoluiu para o transplante cardíaco, quando após 10 anos sem realização, o procedimento foi retomado em 2019. Sergio registrou que a Paraíba é uma equipe transplantadora de rim, fígado, coração e medula óssea e que esse tema é importante ser tratado não apenas em eventos, mas, sobretudo no dia a dia, com amigos e familiares. “Doação de órgãos não é uma questão emotiva, mas de racionalidade. Você entende o que ocorreu e entende que você pode continuar e fazer parte da vida de outra pessoa”, frisou.
Marcela Bello – Coordenadora da Central de Transplante no Hospital de Trauma de Campina Grande; expressou sua gratidão a Alexandre Pereira e aos vereadores por apoiarem a causa da doação de órgãos. Ela fez um apelo para que todos se declarem doadores de órgãos, destacando a importância dessa ação. Marcela também mencionou a campanha “1 Salva 6”, que destaca que um paciente doador na Paraíba pode salvar até seis vidas por meio da doação de órgãos. Ela informou que no ano passado foram realizados três transplantes cardíacos na região, mas que hoje esse número dobrou, totalizando seis transplantes até o momento. Essa tendência de crescimento nos números de transplantes é animadora, mas Marcela enfatizou que é crucial contar com o apoio de todos para reduzir a lista de espera e oferecer uma segunda chance às pessoas necessitadas.
Janduy Ferreira (PSDB), que tem acompanhado de perto a luta de Alexandre em apoiar a causa da doação de órgãos, aproveitou o momento para homenagear as famílias envolvidas. Janduy expressou a sua satisfação pelo fato de a CASA estar estabelecendo um exemplo positivo ao promover a doação de órgãos e tecidos. Ele ressaltou que se todas as casas legislativas do Estado realizassem audiências como esta, isso incentivaria mais pessoas a se envolverem na discussão e a considerarem a doação de órgãos como uma ação significativa.
Jamile Aragão – Professora de Políticas Públicas do Grau Técnico; abordou o tema da doação de órgãos, enfatizando que é uma questão que merece atenção durante todos os 365 dias do ano, uma vez que diariamente há pessoas aguardando por órgãos vitais. Ela trouxe dados significativos para destacar a importância do tema. No Brasil, atualmente, existem quase 50 mil pessoas na fila de espera por órgãos. Dessas, quase 37 mil aguardam por um rim, 2 mil por um fígado e 391 por um coração. Além dessas estatísticas, Jamile mencionou que a recusa por parte das famílias representa um obstáculo significativo na doação de órgãos, com cerca de 45% delas se recusando em 2022. Ela referenciou uma pesquisa da UNIFESP que identificou os principais entraves nesse processo. Entre eles estão o desconhecimento sobre o conceito de morte encefálica, a falta de preparo dos profissionais para comunicar a morte e questões de natureza religiosa. Em resumo, Jamile enfatizou que a informação desempenha um papel crucial na salvação de vidas e na ajuda às pessoas que necessitam de órgãos.
Anunciada Rodrigues, mãe do doador Matheus Souto (in memoriam), mencionou que seu filho foi um doador de córneas, pois morreu antes de chegar ao hospital. Ela expressou gratidão a Deus pelo dom da vida e enfatizou a importância de entender que ao doar um órgão, também se está salvando a vida de alguém que necessita. Anunciada incentivou a doação, mesmo em momentos de dor, para ajudar as pessoas na fila de espera por órgãos. Ela ressaltou que o dom da vida é concedido por Deus e encorajou a prática do amor ao próximo por meio da doação de órgãos.
João Batista, pai do doador Matheus Souto (in memoriam), agradeceu a todos que estiveram presentes, reconhecendo que a promoção da doação é um objetivo maior, embora seja uma ferida dolorosa para a família. Ele expressou o desejo de que Deus toque o coração das pessoas para que considerem a doação de órgãos. João Batista manifestou sua gratidão por saber que há pessoas vivendo com parte de seu filho e se colocou à disposição para incentivar a doação de órgãos.
Joselma, representante da família de Jacilene, a descreveu como uma mulher de Deus, cheia de misericórdia, amiga e companheira de todos, nos momentos de alegria e tristeza. Ressaltou que ela agora se perpetua pelo nobre ato da doação de órgãos, proporcionando vida a cada receptor de seus órgãos, mesmo após sua partida para a eternidade.
Osenir dos Santos – sogra de Jacilene Bezerra de Aguiar (in memoriam) agradeceu pela homenagem in memoriam, compartilhando o gesto de passar as flores recebidas à Joselma, como um símbolo de gratidão e solidariedade por ter sido uma grande companheira após a perda de Jacilene.
Dona Fátima (Sem Partido) parabenizou a realização da importante audiência e se declarou doadora de órgãos e tecidos. Ela expressou o desejo de que seus filhos também se tornem doadores e reconheceu que, embora a doação possa ser um processo doloroso para quem doa, é uma forma de permitir que seus entes queridos continuem vivendo em outras pessoas. Dona Fátima elogiou as famílias doadoras pelo ato nobre.
Carol Gomes (UNIÃO) também parabenizou a iniciativa da audiência pública, destacando que a prioridade é defender a vida e oferecer a oportunidade para que outras pessoas possam proporcionar vida a outras. Ela enfatizou que a Casa Legislativa, apesar de ser frequentemente palco de debates, também desempenha o papel de representar o povo em momentos importantes, nos quais a sociedade precisa se unir para impactar vidas positivamente. Carol Gomes fez menção especial aos familiares presentes, recordando Jacilene como uma amiga importante em sua vida profissional e uma grande defensora da saúde pública. Ela ressaltou a relevância da homenagem realizada no maior encontro do Sistema Único de Saúde (SUS), o lugar que Jacilene representava com tanto afinco e concluiu enaltecendo a ação dos familiares em salvar outras vidas e proporcionar qualidade de vida às pessoas. Ela transmitiu a mensagem de que essas famílias devem se sentir abraçadas e acolhidas pela Casa Legislativa e pelo simbolismo do evento.
Manoel Freitas – Assessor do Secretário Executivo de Cultura de Campina Grande; informou que estará disponibilizando todos os sábados um espaço em seu programa ‘Estampa Nordestina’, na Lagar FM, para realização de campanhas de incentivo para doação de órgãos e tecidos.
ENCERRAMENTO DA AUDIÊNCIA PÚBLICA
Ao encerrar a sessão, Alexandre Pereira, expressou o seu reconhecimento aos presentes. Ele reconheceu que, em alguns momentos, a CASA promove debates difíceis, mas ressaltou que uma sessão como esta é uma reflexão profunda sobre a vida, seu propósito e o que estamos fazendo enquanto estamos aqui na Terra. Além disso, Alexandre Pereira enfatizou a esperança de que, por meio das ações e dos atos discutidos durante a sessão, possam incentivar outras pessoas a se tornarem doadoras de órgãos, contribuindo para salvar vidas e promover a solidariedade.
DIVICOM/CMCG