A Câmara Municipal de Campina Grande realizou na manhã desta quinta-feira (4), uma Sessão Solene para a entrega de Título de Cidadania Campinense ao Marcos Antônio Batista (Mestre Sabiá), entrega de Medalhas de Honra ao Mérito Municipal a Evaldo Batista dos Santos Contramestre e a Francimário de Souza – Mestre Neguinho – representando a União dos Capoeiristas do Planalto da Borborema. Na ocasião também foi comemorado a Semana Municipal da Capoeira.
A vereadora Jô Oliveira (PCdoB), autora da propositura, fez a entrega dos títulos e destacou a importância de homenagear as pessoas que fazem cultura na cidade, nas periferias, nas escolas, propagando também o que significa ‘’ser quem somos’’. “É uma satisfação ter a possibilidade de reconhecer o trabalho dessas pessoas e da quantidade de pessoas que eles formam através da capoeira’’ – registrou.
Na sua justificativa falou sobre a sua felicidade, primeiramente pela Câmara ter aprovado esta propositura, para falar sobre a Semana da Capoeira e principalmente por ter presente pessoas que se comprometem com as crianças e jovens da cidade, levando a capoeira como referência para formação da cidadania e principalmente com esse elo do que é a história e trajetória do povo negro e porque ela precisa ser referenciada.
Lembrou Cris Nagô, capoeirista que faleceu de forma trágica no município, ela foi homenageada com o Toque de Iúna, além de outras homenagens durante toda a sessão.
Gisele Sampaio – Secretária Municipal de Cultura – Saudou a todos presentes e ressaltou que o dia de hoje é um dia celebrativo que ficará registrado na história. Colocou a importância desse momento, rememorando o início dos trabalhos realizados no Centro Cultural Parque Lourdes Ramalho com o Mestre Sabiá, e destacando a representatividade não só para Campina Grande, mas para o Brasil e ressaltando a importância da construção dos saberes os quais os capoeiristas vem desenvolvendo. Registrou que as suas palavras são muito mais de agradecimentos por todo o trabalho que vem sendo desenvolvido, fazendo com que Campina não seja só referência histórica, mas também referência no cunho metodológico e pedagógico.
PEQUENO HISTÓRICO
Mestre Sabiá – Marcos Antônio Batista – Chegou a Campina em 1985, iniciando o seu trabalho enquanto capoeirista, viajando para várias cidades e países e participando de seminários, recebendo em 2020 pela segunda vez o Prêmio Nacional ‘Berimbau de Ouro’, marcando o seu lugar enquanto capoeirista e pela sua relevância e serviço à população. Mestre Sabiá atua há anos no Centro Cultural Escola Parque – Lourdes Ramalho, promovendo diversas ações voltadas à prática da capoeira.
Na Tribuna, Mestre Sabiá agradeceu pela homenagem a vereadora Jô Oliveira e disse que esse título é apenas para formular o que a comunidade capoeirista já reconheceu. Disse que são 39 anos de prática de capoeira e 35 anos desenvolvendo um trabalho de capoeira na cidade. ‘Continuo trabalhando com a capoeira e o título é um reconhecimento pelo relevante trabalho prestado à comunidade.’ Agradeceu aos seus ancestrais, ao seu mestre No, que lhe deu condições de chegar a mestria, conhecendo a velha guarda da capoeira, e desenvolvendo assim o seu trabalho.
‘Mestre Sabiá também disse que a capoeira existe para unir e nunca para destruir, que foi a forma que os negros encontraram de se defender contra o opressor. Além disso, informou que a capoeira foi em 2007 reconhecida como patrimônio imaterial brasileiro e em 2014 foi reconhecida como patrimônio imaterial da humanidade.
Evaldo Batista dos Santos – Morcego, Contramestre de Capoeira – Falou sobre a representatividade do projeto ‘’Capoeira nas escolas’’, iniciados desde 2007, onde iniciou embaixo de um pé de manga porque não tinha acesso nem aos prédios públicos. Disse que começaram a se reunir e pensar algo que valorizasse a capoeira, é uma das pessoas que deu mais incentivo foi a contramestra Cris Nagô.
Informou que em Campina Grande foram realizados mais de quatro aulões, com destaque para a maior roda de capoeira do mundo entrando para o ranking Brasil e que o projeto é o maior projeto de capoeira do Brasil.
Também relembrou que ficaram sem assistência durante a pandemia mesmo depois de 14 anos contribuindo com a educação, cultura e arte.
Francimário de Sousa – Mestre Neguinho – Saudou a todos os irmãos de capoeira e contou sobre a sua história que foi difundida com o projeto ‘’Capoeira nas Escolas’’ e com a UCPB, uma vez que há 25 anos iniciou o projeto social realizando trabalho voluntário nas escolas com a capoeira no bairro do Jeremias juntamente com seu irmão, onde também reside e que hoje trabalha, e que em 2007 soube que poderia trabalhar através da Prefeitura no projeto que já realizava, foi algo muito significativo.
Também agradeceu ao Instituto Alpargatas que em 2010, firmou a parceria, contribuindo com uniformes e materiais para as crianças, refletindo em melhoria não só com os instrumentos necessários, mas na vontade das crianças participarem das aulas.
Ezequiel de Sousa Barbosa – Ex-Aluno de Cris Nagô – Falou sobre a importância da professora Cris para os seus alunos, registrou que ele iniciou a capoeira com ela, que ela era mulher e capoeirista mesmo naquela época em que a capoeira era muito marginalizada pela sociedade e mesmo assim a professora se dedicou no seu trabalho, abrindo o seu próprio grupo. Ressaltou que as pessoas respeitam a história de Cris enquanto contramestre e que gostaria que ela estivesse presente na tribuna contando a sua história. Hoje enquanto professor e juntamente com outros professores, eles ainda tocam seu projeto no bairro de Bodocongó e que em breve fará a primeira apresentação com a ausência da professora.
Benedito Rojão –cantou e tocou ‘coco de roda’ e agradeceu também à Câmara Municipal, aos vereadores e vereadoras, e aos mestres de capoeira. ‘É uma cultura maravilhosa, eu agradeço de coração e a esses meninos bons que me acompanharam’ – frisou. Agradeceu também a vereadora Jô Oliveira pela propositura e pela aprovação da lei, a sua esposa que o acompanha e também as Universidades Estadual da Paraíba e a Federal de Campina Grande, que através dela pode gravar 8 CDs e um DVD.
Elisângela Barbosa Nascimento – Instrutora de Capoeira – Grupo Aruanda, mencionou o projeto Capoeira nas Escolas, citando que o projeto agrega valores através da capoeira e dessa forma, contribui todos os dias na periferia, nas favelas, resgatando vidas e resgatando crianças que estão em situação de vulnerabilidade.
Falou também sobre o projeto de iniciativa da professora Cris, ‘Maria do Camboatá’, mas que diante do trágico acontecimento, mudou o nome para “Movimento Feminino Cris Soares’’. “Na capoeira não existe movimento feminino ou masculino, é capoeira. Mas nós estamos abrindo espaço para a mulher mostrar o seu potencial’’ – destacou.
José Cristóvão de Andrade – Pró-Reitor da Cultura da Paraíba – Disse que são quatro décadas de atividades de capoeira, agora o Mestre Sabiá recebe esse título de reconhecimento sendo esse um momento muito especial para a Casa de Félix de Araújo. Ressaltou também a importância de fazer por Benedito Rojão em vida e parabenizou a CASA, a todos que fazem a Câmara Municipal de Campina Grande.
“Vale a pena participar de uma atividade como hoje e vou buscar para que divulgue em toda a UEPB o que aconteceu hoje para que Campina Grande e o Brasil saiba que tem uma história bonita nesta cidade. ’’ – Destacou.
Falaram ainda na sessão solene comemorativa, o vereador Anderson Almeida (PODE), o professor Moisés Alves, representante da Secretaria de Educação de Campina Grande, Josimar Pessoas da Silva e Fabrícia Moreira.
Ao final da sessão especial, a vereadora Jô Oliveira fez a entrega de Votos de Aplausos aos capoeiristas participantes do Projeto Capoeira nas Escolas. Agradeceu a participação de todos pelo trabalho realizado e que o Voto de Aplauso é apenas um ponto de reconhecimento do que se faz diariamente.
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DIVICOM/CMCG