Durante Audiência Pública realizada na manhã desta quarta-feira (29), na Câmara Municipal de Campina Grande, com a finalidade de debater a questão de Transplante de Órgãos e Tecidos, em Campina Grande, uma propositura do vereador Alexandre Pereira (PSD), foi criada a Frente Parlamentar de Incentivo à Doação e Transplante de Órgãos e Tecidos, formada pelos vereadores Alexandre Pereira (PSD), Anderson Almeida (PODE), Valéria Aragão (PTB) e Janduy Ferreira (PSD).
A vereadora Eva Gouveia (PSD), abriu a audiência cumprimentando os vereadores e convidados. Os trabalhos foram secretariados pela vereadora Jô Oliveira (PC do B).
A mesa foi formada com a participação de Carlos Alberto Lucas (Associação dos Transplantados da Paraíba); Rafaela Dias Carvalho (Central de Transplante da Paraíba); Dr. Ranulfo Cardoso (representando o secretário de Saúde Gilney Porto); Deucilene Ribeiro Souza (mãe de Lucas doador de órgãos); João Antônio de Souza (pai de Lucas); Josival Cardoso (vereador de Mataraca).
Na justificativa da sua propositura, o vereador Alexandre Pereira (PSD) cumprimentou a mesa em nome de Delcilene Ribeiro Souza e a todos os vereadores e convidados presentes na Câmara.
Ele destacou que defender uma causa tão importante é preciso conscientizar as pessoas, que o Setembro Verde tem que ser debatido o ano inteiro, e que na dor da morte pode renascer a esperança e a vida no milagre do amor.
– Hoje é um dia importante, um marco de apoio para quem precisa e quem já passou pelo transplante. O jovem Lucas Ribeiro, 24 anos, nasceu em 10 de dezembro de 1996. Sofreu um acidente de moto em 29 de agosto, em 3 de setembro, sendo doados o coração, o fígado, os rins e as córneas, salvando quatro pessoas e restabelecendo a visão de mais uma ou duas pessoas. Só tenho que aplaudir a família de Lucas pelo grande gesto de amor – frisou Alexandre.
Após a justificativa, a vereadora Eva Gouveia passou a presidência dos trabalhos ao autor da propositura.
Carlos Alberto Lucas (Associação dos Transplantados) foi o primeiro palestrante, ele que fez transplante de rins entre vivos. Militar da Reserva da Marinha, se excedia no álcool e com uma má alimentação, por conta do rim passou 15 dias na UTI e depois iniciou o tratamento com hemodiálise durante um ano e meio.
– Minhas quatro irmãs foram voluntárias para doação de um rim, uma com 75% de compatibilidade me doou o seu rim, A cirurgia foi feita no Hospital Antônio Targino – afirmou.
Ele informa que 45 mil pessoas na fila de espera por um órgão, 30 mil precisam de um rim. Dos 250 transplantados em Campina hoje são atendidos em João Pessoa. “Transplante é um atendimento não é uma cura, precisamos de exames especiais e acompanhamento. Hoje uma sessão de hemodiálise custa R$ 224,00 e quem depende do SUS não pode pagar. Doar órgão é um ato de amor, um ato de vida e o melhor caminho”, concluiu.
Ranulfo Cardoso – Diretor de Planejamento da Secretaria de Saúde de Campina Grande, destacou o trabalho da Associação dos Transplantados, e sua solidariedade aos pacientes renais.
Lembrou que Campina Grande já foi referência em transplantes de rins no Estado e no Nordeste, as cirurgias eram realizadas no Hospital Antônio Targino. Com recursos do SUS.
Hoje os procedimentos foram suspensos e o chefe da equipe médica está na Capital, de acordo com informações do hospital. “Não temos profissionais habilitados para os transplantes, e a Prefeitura está fazendo o chamamento público para esta especialidade. Atualmente temos uma parceria com a UNIFACISA para transplante de córneas. É necessário viabilizar uma campanha de conscientização para captar doadores”, frisou.
Rafaela Carvalho (Central de Transplante), parabenizou a família de Lucas, e disse que ele agora vive de outras formas em outras pessoas. Campina já foi referência em transplante renal e fazia a diferença na vida das pessoas. É preciso que o município se posicione.
Estão na lista de espera: 180 pessoas (rins); 300 pessoas (córneas); três pessoas (coração); e 11 pessoas (fígado). Ela agradeceu o convite e parabenizou a Câmara de Vereadores por trazer este debate tão importante.
Drª. Amanda Damaceno, que já trabalhou no Hospital Antônio Targino, hoje atende no Hospital Dr, Edgley, FAP e Pedro I, parabenizou o vereador Alexandre Pereira pela iniciativa, e a família de Lucas que num momento de extrema dor, autorizou a doação de órgãos que salvou outras pessoas.
De acordo com censo de 2020, na Paraíba, 45 pessoas por milhão de habitantes concordam com a doação de órgãos e 42% dos familiares recusam. Ela parabenizou Carlos Lucas por estimular a doação e cuidar dos transplantados.
O transplante de rim é de alta complexidade e precisa de uma equipe multiprofissional para salvar vidas.
O vereador Janduy Ferreira (PSD) parabenizou o trabalho da Drª Rafaela Carvalho. E disse que acompanhou um colega que foi transplantado de fígado em João Pessoa, que deu tudo certo. Também apoia o que foi dito por Drª Amanda, dos cuidados na cirurgia e no acompanhamento pós cirúrgicos.
O vereador Rubens Nascimento (DEM) disse que vê no tema o envolvimento de sentimentos dos familiares, que não aceitam a morte encefálica, e a dureza de procurar racionalidade num óbito.
Tem que se trabalhar duas frentes estratégicas, sensibilizar os vivos que a doação é a valorização do amor. Trabalhar o tema nas escolas e nas igrejas.
Ele parabenizou a família pelo ato de amor em meio a dor da perda e ao vereador Alexandre Pereira.
Josivan Medeiros (Vereador em Mataraca), destacou a importância da causa, parabenizou a família de Lucas pela grandeza do ato da doação e que é preciso vestir a casa da causa.
A vereadora Fabiana Gomes (PSD), parabenizou a Frente Parlamentar de Incentivo à Doação e Transplante de Órgão e Tecido. Disse que o déficit é grande, e que para reduzir esta fila, é preciso que as pessoas avisem aos familiares que é um doador. Uma pessoa pode salvar a vida de até 10 outras pessoas. Em vida pode se doar medula, rim, fígado e dentes.
O vereador Alexandre Pereira disse que seu sonho é ver a volta da realização de transplantes em Campina Grande. Ele entregou aos pais de Lucas a Moção de Aplausos In Memorian, e informou que já protocolou um Projeto de Lei para denominar o nome de Lucas Ribeiro de Souza a uma das ruas da cidade.
Deucilene Ribeiro de Souza, mãe de Lucas, agradeceu a Deus, ao vereador Alexandre, e à Câmara de Vereadores.
Ela fez um relato emocionante sobre o filho. “Quando ele nasceu, os médicos disseram que ele não ia sobreviver. Clamei ao Senhor por ele. Depois de 15 dias na UTI e dois na enfermaria recebeu alta.
Ele sempre foi amor, carinho e perdão. Participava da família dos amigos, vivia tudo intensamente.
De 29 de agosto a 3 de setembro oramos muito. Ele precisou de duas bolsas de sangue (quatro doadores), recebemos dezenas de confirmações de doação. Tive raiva que os médicos me avisaram da morte encefálica. Por que as nossas orações não foram atendidas, não via que os milagres estavam em todas as partes, os milagres apareceram de formas estranhas”.
– Quando me falaram a respeito da doação, disse não. Na segunda abordagem, perguntaram o que Lucas diria, com certeza diria sim. Deus é perdão, é amor. Agradeço a Deus pelos 24 anos que ele passou ao meu lado e as homenagens da Câmara Municipal – concluiu.
A emoção tomou conta do vereador Alexandre Pereira, que falou da sua gratidão aos familiares de Lucas, parabenizou os transplantados que participaram da Audiência Pública e aos vereadores.
O presidente da sessão, Alexandre Pereira, encerrou os trabalhos convidando os vereadores para a sessão ordinária da quinta-feira ((30), realizada em formato híbrido, a partir das 9h30. E lembrou a todos o volume de projetos que serão apreciados, discutidos e votados.
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DIVICOM/CMCG